terça-feira, setembro 18, 2012

Um Poema por Semana (2)


Do Fundo do Silêncio 


Já a mão não se presta a obedecer
O coração já não sabe cavalgar
O olhar já não alcança pra te ver
E a boca cansou de tanto declamar.
Os dedos já os sinto tão dormentes
E a luz começou a desmaiar
E o corpo envelheceu tão de repente
Que o tempo não parou pra te beijar.
Os dias deixaram de contar
Da memória apaguei-os para sempre
E a criança que gostava de brincar
Levou-a uma luz incandescente.
A alma subiu ao céu a descansar
O corpo é um mundo sem poente
E sob a dura terra a dormitar
Alguém ficou em paz eternamente.
E a minha mão
Ficou cansada de escrever...
E o coração dorido de chorar!
Se nesta noite fria pode haver
Mil poetas, como eu, a laborar!...
  
Alberto Afonso

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