quinta-feira, abril 25, 2024

Luís Milheiro: juiz em causa própria


Eu sei que é uma situação estranha estar aqui a falar de mim, mas a vida é o que é…

Mas como sempre fui um dos elementos mais activos no panorama cultural da SCALA, seria um acto de falsa modéstia “esconder” o meu nome da sua história, apenas por ser o autor…

O facto de ser o seu primeiro sócio não fundador, faz com que tenha acompanhado a sua história desde início. Fiz parte Corpos Gerentes durante 20 anos (fui vice-presidente e depois presidente da Direcção; fui também secretário e depois Presidente da Mesa da Assembleia Geral…). Fui director do boletim da Colectividade (“O Scala”), em duas fases diferentes.

Fui também o principal responsável pela edição de várias antologias de poesia e também o ideólogo da edição de uma obra importante, “Gente de Letras com Vínculo a Almada”, um dicionário bio-bibliográfico, de co-autoria com Diamantino Lourenço, Victor Aparício e Abrantes Raposo (editada na comemoração do 10.º aniversário da SCALA).

Com a desistência dos organizadores do Concurso de Fotografia “Almada a Terra e as Gentes”, a meio do projecto, fui escolhido como o principal dinamizador das suas edições sobre a Cova da Piedade, Feijó e Laranjeiro, Pragal, Sobreda e Trafaria, visitando todas as Freguesias de Almada, como estava previsto no início.

Durante mais de quinze anos, fui o responsável pela nossa exposição anual, baptizando-a como “Festa das Artes da SCALA” (fazia mais sentido, pois era e é uma festa).

Quando o Fernando Barão passou para a rectaguarda da realização das “Tertúlias do Dragão”, passei a ser o seu grande dinamizador, por saber da sua importância

E acabei por ter também um papel importante na cedência” da actual sede/galeria, graças ao presidente do Município, Joaquim Judas (os outros vereadores, Maria do Carmo e António Matos, disseram-nos que já estava destinada para alguém…).

Muito mais haveria a dizer, mas fico-me por aqui, satisfeito pelo meu percurso associativo, artístico e literário como associado e dirigente Scalano…

(Gente da História da SCALA - XV)

Fotografia de Gena Souza)


terça-feira, abril 23, 2024

Maria Gertrudes Novais: a poesia no palco da vida


Foi graças aos seus “Doces da Mimi” (cafetaria e casa de chá) e à parceria cultural realizada com a SCALA, que a sua participação no dia a dia da nossa Associação se tornou mais efectiva, acabando por a transportar até ao cargo de Presidente da Direcção.

Apesar de ser bastante activa, os primeiros anos de presidência de Maria Gertrudes Novais, foram muito para “inglês ver”, uma vez que as tarefas de maior responsabilidade e organização, eram realizadas por outros elementos dos Corpos Gerentes. Foi assim nos seus dois primeiros mandatos.

Mesmo depois, quando deixou de ter esse apoio, e foi "obrigada" a ser mais “pró-activa”, ou seja, presidente a tempo inteiro, nunca conseguiu ser um elemento agregador, como os seus antecessores, deixando que a SCALA perdesse aos poucos, o seu espírito Tertuliano e até a aura familiar que lhe era característica, apesar de começarmos a contar com um espaço nosso (a propósito deste ponto, é importante referir que o seu dinamismo foi essencial na cedência da nossa Sede por parte do Município).

Por a conhecermos, sabemos que as suas limitações culturais também pesaram no actual “marcar passo” da SCALA, no panorama associativo local, estando hoje praticamente reduzida à poesia (a sua grande paixão, é autora de mais de meia-dúzia de obras literárias) – e agora também ao fado (a organização de exposições, funciona de uma forma quase automática, mas cada vez com menos expressão e inovação artística).

No entanto, é importante frisar, que na actualidade, sem o seu voluntarismo, a SCALA pode até correr o risco de desaparecer, tal tem sido o desinteresse manifestado por uma boa parte dos seus associados na vida da Associação…

(Gente da História da SCALA - XIV)

(Fotografia de Gena Souza)


sexta-feira, abril 19, 2024

Américo d'Souza: a arte e o engenho ao serviço do colectivo


Poderia ter dado mais algum espaço, não fazer com que o Américo surgisse logo depois da sua companheira, Gena, mas eles completavam-se, eram quase "almas gémeas", não me lembro de os ver um sem o outro, onde quer que fosse...

Foi também por isso que acabaram por coincidir na Direcção da SCALA, ele como vice-presidente Cultural, ela como Tesoureira. Foram dois elementos preciosos para a aposta da SCALA na diversidade e não apenas em duas ou três actividades culturais, como até aí se fazia, graças à parceria da nossa Associação com os "Doces da Mimi" (que tinham aberto há pouco tempo...).

A transformação deste espaço também em galeria de arte, para acolher exposições dos nossos associados, teve muito mais que o seu dedo. Foi graças ao seu espírito inventivo que foi possível adquirir (e montar...) calhas e correntes, que não só facilitavam a realização, como tornavam estas mostras agradáveis para quem as visitava nos "Doces da Mimi". Material  que depois transitaria para a nossa actual Sede/ Galeria, na rua Conde Ferreira, onde continuam a ser bastantes uteis para todos os artistas scalanos que ali expõem.

Na transformação do espaço que antes era utilizado pela USALMA e passou a ser a nossa Sede, o Américo voltou a ser importante, com as suas ideias, ajudando-nos a fazer muito com pouco dinheiro.

Além de tudo isto, é um excelente artista plástico. 

Claro que o Américo está longe de ser uma pessoa fácil. Quase que podemos dizer, que, pessoas de quem ele gosta têm tudo, pessoas de quem ele não gosta, não têm nada... 

(Gente da História da SCALA XIII)

(Fotografia de João Miguel)


terça-feira, abril 16, 2024

Gena Souza: a arte de estar, de criar e de sorrir


A Gena (Eugénia) de Souza entrou na SCALA, de uma forma tímida, quase escondida atrás das costas do Américo, seu companheiro, que também era (e é) o pintor D' Souza. 

Claro que o seu sorriso aberto e bonito não se conseguia esconder, muito menos a sua energia positiva, tão contagiante. Só por isso era uma mais valia para a nossa Associação Cultural. Mas a Gena foi sempre muito mais que um sorriso...

Quando se tornou tesoureira da SCALA, não se ficou pelos números, as suas preocupações e interesses chegavam a quase todo o lado. E como a presidente gostava de ter um papel quase "decorativo" (era muito boa a passar tarefas para os outros...) e estávamos longe de ter um secretário a sério, a organização administrativa da SCALA passou a ter mais que o seu dedo, a sua mão...

Além destas qualidades, a Gena tinha o verdadeiro espírito associativo (tão em desuso...), gostava de trabalhar em prol da comunidade, sentia prazer em trabalhar para os outros. E outra coisa, não menos importante, sabia ouvir.

Gostava muito de fotografia e tinha qualidade artística (foi muito bom quando saiu da sombra e começou a expor as suas imagens...).

O desaparecimento precoce da Gena, foi uma das maiores perdas da SCALA a que assistimos, devido à sua disponibilidade, alegria, companheirismo e qualidade de trabalho.

(Gente da História da SCALA - XII)

(Fotografia de Luís Eme) 


sexta-feira, abril 12, 2024

Aníbal Sequeira: um fotógrafo e artista de excepção


Apesar da SCALA ser uma Associação Cultural, aberta e inclusiva, que nunca teve como principal raio de acção a preocupação em privilegiar a qualidade artística dos seus associados, em relação a outros - menos bafejados com o talento... -, mas nunca escondeu o orgulho de ter  também no seu seio, excelentes representantes do mundo das Artes e Letras (que felizmente continuamos a ter...).

Aníbal Sequeira é um desses artistas. Scalano desde os nossos primeiros tempos, é um excelente fotógrafo, capaz de nos oferecer imagens de rara beleza, na vertente do "preto e branco" (premiado pelo mundo inteiro). Já escrevemos e continuamos a pensar que Aníbal é um fotógrafo fascinado pelo realismo poético-social.

Além da sua singularidade artística, Aníbal, economista de formação, também fez parte dos Corpos Gerentes da SCALA, mais que uma vez, ocupando cargos importantes, como  foram as presidências da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.

Esta homenagem, pretende ser maior do que realmente é. Pretende chegar a todos aqueles que quase que "obrigaram" a SCALA a ser uma verdadeira Associação de Artes e Letras e não apenas um "clube de escritores" como alguns pensavam (e queriam que fosse).

(Gente da História da SCALA - XI)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 06, 2024

Virgolino Coutinho: o amigo dos escritores almadenses

Virgolino Coutinho foi sempre um homem ligado à Cultura e ao Associativismo de Almada. Foi esta sua ligação que o levou a unir-se aos 14 companheiros que decidiram fundar a SCALA, em Março de 1994.

Por saber que era necessário consolidar a nossa Associação no panorama associativo local, especialmente nos seus primeiros anos de vida, foi “à luta” e fez parte dos corpos gerentes da SCALA durante vários mandatos (Presidente do Conselho Fiscal em 1994/95; vice-presidente Administrativo 1996/97 e 2000/01; vogal da Direcção 1998/99). 

Esteve toda a vida ligado às artes gráficas, sendo reconhecido como um excelente técnico e um grande amigo dos escritores almadenses. Sim, amigo. Ajudou a editar dezenas e dezenas de livros de autores do nosso Concelho, além de também impulsionar a edição de boletins de inúmeras colectividades de Almada como foi o caso da SCALA (foi o “mecenas” dos primeiros números de “O Scala”, ao qual manteve sempre uma ligação próxima). 

Virgolino também esteve ligado ao “Rua Nova”, à Sociedade Columbófila os Águias, ao Ginásio Clube do Sul e sobretudo à Incrível Almadense, onde foi seu dirigente durante vários mandatos e fez parte da Comissão das Comemorações do seu 150 º aniversário, prestando também aqui um grande apoio na edição de jornais e também de folhetos comemorativos. 

Era um homem simples e de bom trato, que deixou a sua marca em todos aqueles que lidaram de perto com ele e sentiram o quanto privilegiava a amizade e o companheirismo.

(Gente da História da SCALA - X)

(Fotografia de Luís Eme - Virgolino está ao centro, com João da Cunha Dias e Diamantino Lourenço)


quarta-feira, abril 03, 2024

Victor Aparício: a paixão pelo jornalismo e pelos livros


Natural de Lisboa,  Victor Aparício veio viver para Almada, no começo da adolescência. Uma das suas descobertas mais estimulantes, foram as bibliotecas do movimento associativo almadense, que o iriam ajudar bastante a alimentar a paixão pelo mundo dos livros e dos jornais. 

Se a literatura ainda estava longe, o jornalismo nem por isso, começando a escrever logo que lhe foi possível na imprensa local (com relevo para o "Jornal de Almada" e "O Setubalense", assim como outras publicações locais, como o boletim "O Scala", que chegou a dirigir).

E depois vieram os livros, ainda que de forma tímida. Embora os apoios tenham sido sempre escassos, o Victor conseguiu deixar-nos mais de uma dúzia de obras, entre a poesia, a ficção e a biografia e o ensaio sobre história local. Algumas destas obras continuam a despertar interesse local, como é o caso de "Tonecas, a Tragédia que Enlutou Almada" e de "Os Palmeiros e os Gafos de Cacilhas".

A ligação ao jornalismo, aos livros e ao associativismo, transportaram-no para a "Tertúlia do Repuxo", que acabou por ser o "berço" da SCALA, da qual foi um dos fundadores. Apesar de ser demasiado meticuloso, com as palavras e com os procedimentos de secretaria (era conhecido como o "picuinhas"...), foi decisivo na organização e no arquivo da nossa Associação, nos primeiros anos, quando exerceu a função de Secretário da Direcção.

A vida de  Victor Aparício esteve longe de ser fácil, principalmente na infância e adolescência. Isso fazia com que fosse demasiado reservado, ao ponto de nem sempre ter sido bem compreendido pelos amigos. O mesmo se passou no seio da SCALA.

(Gente da História da SCALA - IX)

(Fotografia de Gena Souza - Almada)


sábado, março 30, 2024

Abrantes Raposo: o amor à SCALA e à poesia


Abrantes Raposo além de fundador foi um dos dirigentes mais generosos da SCALA, oferecendo a sua oficina de encadernador como a primeira sede da nossa Associação (até abrirmos um apartado postal nos CTT, a nossa morada ficava na mítica Rua Emília Pomar) onde recebíamos toda a correspondência.

Por as sua oficina ficar a caminho da nossa casa, parávamos muitas vezes na sua oficina, para dar dois dedos de conversa e cimentar a nossa amizade. Estes encontros também nos faziam ver que Abrantes Raposo estava longe de ser uma pessoa fácil, que vivia tudo com muita intensidade, afastando-se algumas vezes da razão.

Foi presidente de Direcção da SCALA no biénio 1996/97 e exerceu ainda vários cargos nos Corpos Gerentes, durante mais de uma década. 

Fez parte de um trio que ficou conhecido como os "velhos do restelo da SCALA" (Raposo, Aparício e Vaz), por  além de serem conservadores, terem dúvidas se o crescimento surpreendente da Associação nos primeiros anos, nos meios culturais almadenses, que nem todos conseguiam acompanhar, não poderia trazer problemas num futuro próximo...

Foi também poeta e ensaísta, embora a sua grande paixão e forma de exprimir o seu sentir fosse através da poesia, deixando várias obras da sua autoria para a posterioridade.

Teve também uma importante participação político-social local, como Deputado Municipal e como Presidente da Assembleia de Freguesia de Cacilhas, em representação do Partido Socialista.

(Gente da História da SCALA - VIII)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 27, 2024

O Poeta Luís Alves deixou-nos no Dia Mundial da Poesia


O poeta Scalano, Luís Alves, deixou-nos no dia 21 de Março.

O Luís amava a poesia como poucos. Poesia que foi um dos seus grandes apoios nos últimos anos (a par da família, claro), ajudando-o a "minimizar" os problemas de saúde que o afectavam, pois se havia coisa que lhe dava prazer, era escrever e declamar Poesia.

É por essa razão, que acaba por ser significativo, o facto do Poeta nos ter deixado no Dia Mundial da Poesia... 

Luís Alves deixa uma enorme saudade entre todos aqueles que tiveram o prazer de o conhecer e sabem o quanto ele gostava das palavras bonitas. da "Magia do Sentir"...


segunda-feira, março 25, 2024

Carlos Durão: um autêntico "farol" do associativismo e da cultura local



Carlos Durão foi um grande dirigente associativo de Cacilhas, tendo sido presidente da Direcção do Ginásio Clube do Sul mais que uma vez. Muitas vezes ligam-no à fundação da SCALA, pelo seu prestígio local. Não, não é fundador, mas foi um grande Scalano. Como tesoureiro da nossa Colectividade em vários mandatos, foi decisivo  no equilíbrio e na ultrapassagem de alguns problemas, normais neste mundo do voluntariado.

Possuidor de uma "memória de elefante" teve  um papel bastante importante na pesquisa histórica que tenho feito sobre Cacilhas. Por estar desde sempre ligado a Cacilhas e ser descendente de duas famílias importantes da Localidade Ribeirinha - a família Pinto Gonçalves ligada ao comércio (possuíram um dos mais importantes armazéns do distrito de Setúbal) e a família Durão (donos de uma das empresas que faziam a ligação entre Cacilhas e a Capital. com embarcações de carga e de passageiros) -, o Carlos era uma das pessoas que possuía um conhecimento mais profundo e credível sobre os lugares  e as pessoas do nosso Concelho. 

Felizmente o Movimento Associativo Almadense, além de nos enriquecer culturalmente também tem a virtude de estreitar as relações humanas e fomentar a amizade. E o Carlos foi um bom amigo, além de nos ter dado belas lições de vida, graças à sua longa experiência de vida, revelou-se um autêntico "farol", guiando-nos sempre para bom porto.

(Gente da História da SCALA - VII)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, março 21, 2024

"A Fome" (para festejar a Poesia)


A Fome
  
Quem disse
E diz
Que não há fome
No meu País
Não mente
Nem mentiu
Porque não a sente
Nem sentiu
 
Mas quem a sente
Sabe que ele mente
 
Quem hoje a denúncia
Quando ontem se calava,
Por conveniência
Ou conivência
E cobardia
Não pode ser ousadia
Porque não a sente
Nem sentia
 
Neste juízo se compreende
Quem é mais réu
Se quem acusa
Ou quem se defende
 
Quem está inocente
Certamente
É aquele que é gente
E a fome sente
 
Abrantes Raposo

(Fotografia de Fernando Barão)

terça-feira, março 19, 2024

Jorge Gomes Fernandes: a filosofia, o saber e o gosto pela polémica


Jorge Gomes Fernandes terá sido um dos fundadores da SCALA, mais peculiares.

Filósofo de formação, adorava polemizar, olhar para a parte de trás (ou de baixo...) das coisas, semeando muitas vezes a discórdia nas mesas do café, mas sem nunca levar as discussões acesas para aspectos pessoais. Acreditava firmemente que era através de olhares diferentes que era possível chegar ao caminho certo, de qualquer tema, histórico, literário ou sobre a actualidade.

Adorava também conversar e conviver, foi por isso que foi um grande tertuliano das nossas "Tertúlias do Dragão Vermelho". Raramente perdia uma oportunidade de estar com os amigos e de levantar questões sobre os temas abordados, deslocando-se propositadamente de Lisboa para Almada. Também foi algumas vezes o "palestrante", divulgando os seus conhecimentos e estudos sobre etimologia e também sobre Cristovão Colombo.

Homem das Culturas, Jorge nunca deixou de se interessar pelo Concelho de Almada, especialmente a sua Cacilhas, onde nasceu e se fez homem. Foi desta forma que conheceu a "Tertúlia do Repuxo", que passou a frequentar, acabando, naturalmente, por ajudar a fundar a SCALA.

Aprendemos muito com a sua forma diferente, de ser e de estar, neste sociedade que gosta pouco de se ver ao espelho, com um olhar crítico.

(Gente da História da SCALA - VI)

(Fotografia de Luís Eme)


segunda-feira, março 18, 2024

Idalina Alves Rebelo: a sensibilidade feminina e o toque artístico e poético


Idalina Alves Rebelo foi a primeira Mulher a fazer-se notar no seio da "família scalana", graças à sua sensibilidade feminina, tão útil e importante, num mundo que fingia ser masculino.

Mas além da marca que ficou, desde orgulho e gosto, em ser Mulher, Idalina gostava de desenhar, pintar e de escrever e declamar poemas, assinando como AnyAna.

Foi também das pessoas que mais "viveu" as "Tertúlias do Dragão", como participante fiel e como activista cultural, ora com convites (foi graças a ela e à sua filha, que Raul Solnado nos visitou) ora com os seus poemas ou testemunhos da sua vivência em Cacilhas e Almada. Idalina amava tudo o que estivesse ligado ao mundo das Artes e Letras e sentia um grande orgulho pela história do Concelho de Almada.

Além destes aspectos, era um ser humano de grande bondade, ternura e tolerância (não nos lembramos de a ver a elevar o tom de voz ou de criar qualquer tipo de problema a quem quer que fosse).

Fez também várias vezes parte dos órgãos sociais da SCALA, que também sentia como "sua".

Conversei muitas vezes com ela, porque além de  ser uma pessoa agradável, era extremamente culta. Aprendi bastante sobre as gentes e os lugares de Almada. Ou seja, além de poetisa e pintora, também foi uma boa "professora" da história local.

Embora tivesse um grande orgulho em ser Mulher, o facto de viver numa sociedade marcadamente, masculina (para não lhe chamar outra coisa...), fez com que nunca lhe fosse reconhecido o seu valor, como poetisa e artista plástica.

(Gente da História da SCALA - V)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 13, 2024

A SCALA associa-se à Comemoração do Centenário do nascimento de Fernando Barão


A SCALA associa-se à Comemoração do Centenário do nascimento de Fernando Barão, que se realiza no próximo sábado no Salão de Festas da Incrível Almadense, às 15.30
horas.


domingo, março 10, 2024

Arménio Reis: um grande artista plástico (mesmo que ele por vezes fingisse que não era verdade...)


A SCALA teve a felicidade de ter entre os seus fundadores, Arménio Reis, um excelente artista plástico, que é o autor do bonito emblema (ou logotipo...) que não só identifica como representa, muito bem, os valores da nossa Sociedade Cultural.

Embora tenha ficado reconhecido como um grande aguarelista, no panorama local e nacional (mesmo que nunca se tenha levado muito a sério...), Arménio era um artista multifacetado. Quase todos admiravam o seu repentismo (quando começava a sentir que tinha mais que fazer que ouvir discursos, pegava numa caneta e começava a deixar a sua marca artística, que tanto podia ficar impressa numa toalha de papel ou num simples prato de sobremesa), que ficava depois para qualquer sortudo, que lhe pedisse a "obra", cuja beleza se tornava visível em poucos minutos. 

Dizer que o Arménio tinha "mãos de ouro", pode soar a exagero - até porque nunca enriqueceu com a Arte -, mas quem o conheceu sabe que ele tinha um talento especial, para tornar as coisas que o rodeavam mais bonitas, quando lhes tocava. Esteve radicado alguns anos no Algarve e era sempre convidado para decorar os carros que desfilavam nos corsos carnavalescos de Olhão, graças à sua imaginação e qualidade artística.

O Arménio tinha ainda outro talento, também natural: a bonomia. Para ele a "amizade era mesmo uma fé", dando excelentes lições de "estar bem" no convívio com os amigos, com um humor especial, que não deixava ninguém indiferente.

Infelizmente deixou-nos demasiado cedo, ainda antes da SCALA comemorar o seu segundo aniversário. 

Por nunca ter realizado uma exposição em Almada, a nossa Associação organizou um ano depois de ter partido, a "Semana de Arménio Reis", onde além de mostrarmos as suas obras também realizámos um colóquio evocativo do artista e da sua arte, gratos por tudo o que ele nos deu.

(Gente da História da SCALA - IV)

(Fotografia de Álvaro Costa)


quinta-feira, março 07, 2024

Diamantino Lourenço: a tolerância e o amor à cultura


Não é por acaso que Diamantino Lourenço é o único sócio honorário, distinguido em vida, da SCALA.

Além do seu amor pelas artes e letras (é muito multifacetado, não deverá haver uma área da cultura de que não goste...), é um ser humano de excepção.

Podemos dizer que este sócio fundador já foi praticamente tudo na SCALA. Até "bombeiro de serviço", algumas vezes, para apagar "fogos postos" por companheiros com egos demasiado exacerbados. Foi dirigente durante mais de vinte anos, ocupando os mais diversos cargos. Mas mais importante que os cargos foi ter sido sempre um "operário da cultura", estando sempre pronto para ajudar, no que fosse necessário. Montou mais de uma centena de exposições - de todo o género e em vários lugares - escreveu centenas de artigos no boletim "O Scala", informativos e memoralistas.

Podemos e devemos dizer, que é um associativista, de excelência!

Já falámos da sua tolerância, de ter sempre uma palavra positiva, mesmo nos maus momentos, de ser o equilíbrio, que muitas vez faltava, nas discussões mais acaloradas, mas não devemos esquecer o seu conhecimento e amor a todas as artes, desde a música, passando pelo teatro e pelo cinema.

E claro, é um dos escritores da nossa Terra, que muito honra os pergaminhos da SCALA e de Almada.

(Gente da História da SCALA - III)

(Fotografia de Luis Eme - Diamantino na companhia de Carlos Durão, Almada)


quarta-feira, março 06, 2024

A Festa que é mesmo uma "Festa"...


É já a 29.ª exposição (não é a trigésima devido à pandemia, para estar a par com os anos da Associação...). Passaram por ela centenas de artistas e foram expostas um número próximo dos três milhares de obras.

O que acho mais curioso, é o seu simbolismo artístico. Funciona muito como uma porta aberta, para todos aqueles que querem expor os seus trabalhos (não haver qualquer tipo de selecção facilita muito as coisas, e ainda bem, até porque faz parte dos princípios dos seus fundadores, que queriam tornar as artes e letras mais acessíveis a todas as pessoas...). São muitas, muitas dezenas de pessoas - provavelmente já passam a centena -, que se estrearam na "Festa", para depois seguiram a sua caminhada no mundo das artes, com mais ou menos sucesso.

E claro, temos alguma vaidade em termos sido nós a baptizar a exposição anual como "Festa das Artes da SCALA", porque é o nome certo para esta mostra de arte, ela é mesmo uma "Festa"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, março 05, 2024

SCALA: Trinta anos de Cultura em Almada


A SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada comemora hoje 30 anos de vida.

Nem tudo foi fácil neste caminhada, até por termos "assustado" algumas pessoas nos nossos primeiros anos de vida, graças à nossa dinâmica, uma quase originalidade no panorama associativo local.

Ao contrário de muitas outras, do pouco fazíamos muito. Nunca ficámos condicionados pela falta de apoio (que aconteceu mais vezes do as que queríamos, por parte da Município e até de algumas Juntas de Freguesia...), o nosso caminho era seguir em frente e fazer cultura, em qualquer lugar onde nos abrissem as portas e recebessem de braços abertos.

Quem nunca nos faltou em apoio, nos primeiros anos, foram o Ginásio Clube do Sul  e a Sociedade Filarmónica Incrível Almadense. Em algumas ocasiões quase que fizeram o papel de "pai" e de mãe" (felizmente).

Deixo aqui o meu aplauso para todos aqueles que ajudaram a construir este sonho, e que têm contribuído ao longo destas três décadas, para que a SCALA prossiga a sua caminhada no seio da Cultura Almadense. 

Felizmente, são (e foram...) muitos e bons!


segunda-feira, março 04, 2024

Henrique Mota: a amizade e a dignidade sem preço


Foi Henrique Mota que me trouxe para a "universo scalano" (ainda antes da fundação da SCALA), mas não é por isso que o considero uma das pessoas mais importantes que tive o prazer de conhecer em Almada e no Associativismo.

As suas qualidades humanas e associativas vão muito para lá da nossa amizade (mesmo que tenha sido uma das pessoas por quem senti mais empatia e o meu companheiro de eleição nas "tertúlias do Repuxo"). 

Em todas as colectividades existem divergências (nas culturais ainda é pior, porque todos gostam de ter opinião...),  pelo que é necessário haver uma voz de comando, com a inteligência, a frieza e a experiência necessárias, para que no fim acabe tudo bem. Henrique Mota foi muitas vezes essa voz,  fazia-se ouvir sem nunca ter de subir o seu tom ou gritar, obrigando os outros a descerem ao seu nível durante os diálogos. Posso mesmo dizer, que a sua experiência associativa (exerceu durante muitos anos os cargos principais no Ginásio Clube do Sul) foi o garante da estabilidade e do crescimento da SCALA nos primeiros anos.

O facto de ter um sentido ético muito vincado na sua personalidade, fazia com que fosse respeitado por todos (mesmo os que não tinham os mesmos valores...), pois o seu exemplo, e a sua dignidade, não davam espaço a qualquer tipo de devaneio.

A par destas qualidades foi também o grandes historiador do desporto almadense, com uma série de quatro volumes de "Desportistas Almadenses", impar no nosso país.

(Gente da História da SCALA - II)

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, março 02, 2024

Fernando Barão: o elemento com mais importância e peso cultural da SCALA


Nunca tivemos medo das palavras, e sempre estivemos atentos ao que nos rodeava. É por isso que dizemos, sem qualquer dúvida, que Fernando Barão foi o elemento com mais importância e peso  cultural da SCALA.

O crescimento  e a abrangência que se deu nos primeiros dez anos (impensável para muitos...)  de vida da SCALA, devem-se muito a ele. À paixão pelas coisas da cultura ele somava uma série de atributos humanos, que conseguiam conquistar gente de quase todas as áreas das artes e letras.

O que poderia ser uma simples Sociedade Literária (a maior parte dos fundadores estava ligada ao mundo das letras), estendeu-se para as artes plásticas, para a fotografia, e para todos os géneros de cultura, ao ponto de se darem passos para a organização de uma exposição artística anual, que hoje é a nossa "Festa das Artes da SCALA" (e já vai na sua 29.ª edição...).

O seu carisma, aliado à vontade de fazer, de criar, conquistaram alguns bons seguidores (como foi o nosso caso), porque finalmente tinha uma Associação apenas Cultural (sem o desporto e o recreio a confundir as coisas), para aproximar a cultura das pessoas, para que se tornasse mais fácil pensarem pelas suas cabecinhas. E depois tinha outra coisa muito importante, além de "influenciador", era um "facilitador", no que existe de melhor nesta palavra. Sempre que podia, tornava o difícil fácil, desarmando os "velhos do restelo" (que andam sempre à nossa volta), que preferiam o comodismo à activismo.

O Fernando, além de todas estas coisas, tinha ainda uma grande generosidade. Gostava de surpreender, ensinar e divertir os outros. Mesmo as anedotas que tanto gostava de nos oferecer, muitas vezes tinham uma importante componente social.

Provavelmente as "Tertúlias do Dragão" são aquilo que mais lhe conseguimos colar à pele, por tudo o que elas tiveram de positivo junto de muitos de nós: a oferta de cultura com a possibilidade de convivermos, sempre num ambiente de grande amizade e companheirismo, e até de cumplicidade. 

("Gente da História da SCALA" - I)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, março 01, 2024

A SCALA festeja 30 anos em Março

 


A SCALA festeja 30 anos no dia 5 de Março.

Por essa razão, durante os meses de Março e Abril, iremos recordar 30 scalanos e scalanas, que deixaram a sua marca nesta caminhada de três décadas pelos trilhos da Cultura Almadense, e também referir algumas curiosidades.

E para começar, nada melhor que recordar e louvar os 15 fundadores da Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada: Fernando Barão, Diamantino Lourenço, Henrique Mota, Arménio Reis, Abrantes Raposo, Victor Aparício, Jorge Gomes Fernandes, Virgolino Coutinho, Henrique Costa Mota, João da Cunha Dias, José Luís Tavares, Álvaro Costa, Artur Vaz, Manuel Lourenço Soares e Gil Antunes.

(Fotografia de Álvaro Costa)


terça-feira, fevereiro 27, 2024

segunda-feira, fevereiro 26, 2024

"Fernando Barão em 100 Imagens"


Depois da SCALA é a vez da USALMA (a seu pedido) receber a exposição "Fernando Barão em 100 imagens", que será inaugurada hoje à tarde.

Recebeu um novo nome, que não difere muito do anterior ("Fernando Barão a SCALA e as Gentes"), aliás é quase o seu subtítulo, por razões óbvias.


quinta-feira, fevereiro 15, 2024

Tudo começou no Ginásio Clube do Sul (mas continuaria na SCALA)...

 

O Ginásio Clube do Sul tinha sido fundado menos de quatro anos antes do nascimento do Fernando Barão. Por múltiplas razões, inclusive a sua localização geográfica, em pouco tempo tornou-se a grande referência, associativa e desportiva, de Cacilhas.

Fernando Barão começou por ser atleta do Clube. Fez ginástica desportiva e atletismo (treinado pelo seu melhor amigo, Henrique Mota, companheiro de tantas aventuras associativas, desportivas e culturais...).

Depois foi muitas coisas... dirigente, com múltiplos cargos, ocupando também os seus cargos máximos, como Presidente de Direcção e Presidente da Mesa da Assembleia Geral, em vários mandatos.

Graças à sua criatividade e ao seu espírito de iniciativa foi o promotor de muitas actividades culturais ao longo dos anos. Talvez a mais relevante tenha sido a sua participação nas comemorações do cinquentenário do Ginásio, com a organização do "1.º Encontro das Colectividades Populares de Almada" e do colóquio, "Problemas da Juventude", que se realizou em 1970 e chamou a atenção da PIDE/ DGS, para não variar...

Toda esta vivência ginasista (e conhecimento), fez com que escrevesse em parceria com o seu amigo de sempre, Henrique Mota, a história do Ginásio Clube do Sul, nas comemorações dos 75 anos da vida da Colectividade Cacilhense. Livro que seria intitulado, "Ginásio Clube do Sul - 75 anos de Glória".

Foi também o ideólogo do "Prémio Literário Henrique Mota", na vertente do conto desportivo, em homenagem ao seu grande amigo, um ano depois deste nos ter deixado, que seria organizado pelo Ginásio Clube do Sul e da SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada.

Como recompensa de toda esta dedicação foi premiado com os Diplomas de Sócio de Mérito e de Sócio Honorário e também com o "Prémio Ginasista", sendo uma das grandes figuras da história da Colectividade Cacilhense.

(Fotografia de Álvaro Costa)

(Texto publicado inicialmente no blogue "Fernando, 'o Barão de Cacilhas' (1924-2024")


terça-feira, janeiro 02, 2024

Fernando Barão comemora hoje o seu Centenário


Fernando Barão, a grande referência cultural da história da SCALA faz hoje cem anos.

Fernando não se limitou a ser sócio fundador da nossa Sociedade, foi muito mais longe. Todos aqueles que acompanharam os primeiros anos de vida da SCALA, sabem que ele, além de ter sido o elemento mais carismático dos quinze "pais" da Associação, foi também um dos seus principais dinamizadores, durante pelo menos duas décadas.

São razões mais que suficientes para que a SCALA se associe e festeje com orgulho todas as manifestações culturais que sejam feitas para homenagear e recordar esta grande figura da Cultura e do Associativismo Almadense.

(Fotografia de Gena Souza - Almada)