«Quando há três anos quinze amigos, activos
no meio cultural almadense, resolveram após alguma maturação fundar a SCALA,
sabiam de antemão que o trajecto não iria ser fácil para a sua sedimentação.
Num país cuja desculturização é por demais
evidente, fundar uma sociedade cultural eclética, seria no mínimo aberrante.
Tivemos a sorte -- sem a pretensiosidade
de sermos nós a modificar o actual estado de coisas -- de aglutinar a aderência
de sete dezenas de companheiros e companheiras, que seguiam o mesmo rumo. São
pintores, escritores, jornalistas, dirigentes desportivos, musicos,
professores, etc.
Seria um erro o não aproveitamento deste
potencial de agentes culturais, assim,
resolvemos reflectir e programar o próximo passo para o desenvolvimento da
nossa associação.
Metaforicamente, plantámos há três anos a
nossa árvore da cultura. Com as suas raizes em pleno desenvolvimento, a árvore
tem os seguintes sete ramos: Actividades Literárias; Artes plásticas;
Arqueologia-Ciência-Ecologia; Desporto; Fotografia; Música; Cinema-Teatro.
Para que os ramos possam dar frutos será
necessário que parte dos nossos associados se conjuguem no sentido da formação
de núcleos ou comissões -- o nome não é o mais importante -- Conforme o gosto
de cada um ou a relação com a sua actividade cultural.
Eis de uma forma sucinta, como pequenos
núcleos de três associados, agregados com um membro dos Corpos Gerentes,
poderiam desenvolver a sua actividade:
Actividades Literárias; o núcleo poderá
incentivar narrativas inéditas sobre o concelho de Almada e reedição de obras
sobre o tema, esgotadas ou olvidadas. Criaria prémios literários.
Artes Plásticas; trataria da angariação de
espaços para exposições individuais e colectivas, assim como encontros sobre
este vasto tema.
Arqueologia-Ciência-Ecologia; eis um
sector aliciante. Trata de temas do passado longínquo e a Ciência, que faz a ponte com o tema actual,
que é a degradação do meio ambiente.
Desporto; a comissão está em fase de
formação para levantar a discussão sobre a problemática do desporto em geral, o
desporto que queremos para o século XXI, o deficiente e a sua relativa
recuperação através do desporto, o desporto escolar e o desporto na 3ª fase da
vida.
Fotografia;
este grupo já está a trabalhar no terreno. Sob o dinamismo de José Luís
Guimarães, criou-se um regulamento para um concurso de fotografia ao nível de
todas as freguesias de Almada. Subsidiado pela Edilidade vai o concurso
fotográfico ter início este ano na região de Cacilhas, sob a égide da sua Junta
de Freguesia de da SCALA. Ano após ano estender-se-á às outras freguesias.
Música; a médio prazo devemos criar um
pequeno núcleo de trabalho, de forma a promover concertos de música ligeira e
clássica.
Cinema-Teatro; seria excelente a criação
de um pequeno agrupamento teatral entre os sócios. Ensaiavam-se pequenas peças
ou “sketches” e durante as suas exibições para familiares, consócios e amigos
organizar-se-iam colóquios ou palestras sobre teatro em geral.
No que ao Cinema diz respeito, se a
Vereação isso nos facultar, existe a intenção de levarmos a cabo em 1998,
ciclos de cinema de actores e realizadores. Oxalá o Auditório Municipal esteja
para isso, equipado.
Há um acentuado óbice para levar a cabo
toda esta dinâmica cultural. A falta de uma sede social. Temos uma pequena
sala, junto ao bingo, no Centro Comercial M. Bica, gentilmente cedida pela
direcção do Ginásio Clube do Sul, sendo óbvio que não podemos ficar
indefinidamente ali.
Com criatividade e trabalho, vamos fazer
pairar a esperança que os autarcas possam reparar em nós, como o têm feito
relativamente às nossas congéneres.»
DIAMANTINO LOURENÇO
Nota: Este texto assinado por Diamantino Lourenço (na foto) foi publicado no boletim "O Scala" (número dois, Inverno de 1997) e é revelador da necessidade que se sentia, de se criarem secções para que a SCALA se pudesse desenvolver de uma forma equilibrada e com futuro.
Embora tenham sido criadas secções em 1998, estas nunca funcionaram como deveria ser, pois eram "sempre os mesmos" a desenvolver as actividades da Associação. Ou seja, nunca se conseguiram cativar os sócios para terem uma participação mais activa no dia-a-dia da SCALA e foram "esquecidas" (ainda hoje é assim, 25 anos depois da fundação e apesar de já se possuírem condições logísticas - sede social - para o seu funcionamento... Aliás, esse continua a ser um dos problemas do movimento associativo, falta de gente com "vontade de fazer e partilhar coisas"...).
(Fotografia de Luís Bayó Veiga)