Ermelinda Toscano apareceu em Cacilhas, no começo do milénio, quase como um "meteorito", mas que em vez de destruir, veio construir, e abanar de uma forma positiva, a Cultura na localidade ribeirinha.
Falar dela e do "Café com Letras" é quase como falar da "galinha e do ovo". A sensação que temos é que apareceram ao mesmo tempo, e foram "uma bela de uma surpresa" no panorama local. A Ermelinda foi a grande dinamizadora desta "Casa da Cultura", que deu abrigo a tanta gente sedenta de coisas diferentes (especialmente aos poetas sem poiso...). Aconteceram coisas extraordinárias neste lugar, num curto espaço de tempo, desde palestras, exposições, sessões de poesia, lançamentos de livros ou simples convívios, sempre com a cultura presente.
Como normalmente acontece com todas as coisas boas, a falta de apoio, humano e logístico, faz com que tenham vidas curtas... nem mesmo a mudança de gerência e de nome (de "Café com Letras" passou a "Sabor e Arte"...) mudou o seu destino... Mas este espaço ficou na história da rua Cândido dos Reis e da Cultura Cacilhense. Voltando à Ermelinda, ainda hoje permanece inesquecível a sua colecção de pequenos cadernos "Index Poesis", que divulgou a obra de mais de uma centena de poetas locais (e não só...) e pela criação da associação formal de "Poetas Almadenses".
No meio de toda esta actividade, a SCALA conseguiu conquistá-la como associada, e mais tarde como dirigente. Apesar de pensarmos que ela nunca sentiu a SCALA como a sua verdadeira casa associativa (nessa altura já era dirigente de "O Farol"...), a sua passagem na nossa Associação foi extremamente importante, quer no apoio cultural quer no apoio logístico.
A sua capacidade de trabalho e gosto pelas coisas da cultura, fez com que aceitasse fazer parte de uma direcção da SCALA composta apenas por mulheres (2012). Claro que foi uma ideia bonita mas com resultados pouco práticos, se excluirmos as boas prestações associativas da Ermelinda e da Gena de Sousa (os outros três elementos femininos da direcção estavam uns bons furos abaixo delas, em termos de capacidade e vontade...).
Desiludida com a falta de apoios autárquicos, com o funcionamento da SCALA (e também por problemas pessoais...), acabou por de ir desligando da nossa Associação, permanecendo hoje apenas como associada.
Apesar da sua passagem pela SCALA ter sido demasiado curta, foi bastante marcante e positiva, graças à sua qualidade enquanto activista cultural.
(Gente da História da SCALA - XVII)
(Fotografia de Gena Souza)