sábado, março 30, 2024

Abrantes Raposo: o amor à SCALA e à poesia


Abrantes Raposo além de fundador foi um dos dirigentes mais generosos da SCALA, oferecendo a sua oficina de encadernador como a primeira sede da nossa Associação (até abrirmos um apartado postal nos CTT, a nossa morada ficava na mítica Rua Emília Pomar) onde recebíamos toda a correspondência.

Por as sua oficina ficar a caminho da nossa casa, parávamos muitas vezes na sua oficina, para dar dois dedos de conversa e cimentar a nossa amizade. Estes encontros também nos faziam ver que Abrantes Raposo estava longe de ser uma pessoa fácil, que vivia tudo com muita intensidade, afastando-se algumas vezes da razão.

Foi presidente de Direcção da SCALA no biénio 1996/97 e exerceu ainda vários cargos nos Corpos Gerentes, durante mais de uma década. 

Fez parte de um trio que ficou conhecido como os "velhos do restelo da SCALA" (Raposo, Aparício e Vaz), por  além de serem conservadores, terem dúvidas se o crescimento surpreendente da Associação nos primeiros anos, nos meios culturais almadenses, que nem todos conseguiam acompanhar, não poderia trazer problemas num futuro próximo...

Foi também poeta e ensaísta, embora a sua grande paixão e forma de exprimir o seu sentir fosse através da poesia, deixando várias obras da sua autoria para a posterioridade.

Teve também uma importante participação político-social local, como Deputado Municipal e como Presidente da Assembleia de Freguesia de Cacilhas, em representação do Partido Socialista.

(Gente da História da SCALA - VIII)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 27, 2024

O Poeta Luís Alves deixou-nos no Dia Mundial da Poesia


O poeta Scalano, Luís Alves, deixou-nos no dia 21 de Março.

O Luís amava a poesia como poucos. Poesia que foi um dos seus grandes apoios nos últimos anos (a par da família, claro), ajudando-o a "minimizar" os problemas de saúde que o afectavam, pois se havia coisa que lhe dava prazer, era escrever e declamar Poesia.

É por essa razão, que acaba por ser significativo, o facto do Poeta nos ter deixado no Dia Mundial da Poesia... 

Luís Alves deixa uma enorme saudade entre todos aqueles que tiveram o prazer de o conhecer e sabem o quanto ele gostava das palavras bonitas. da "Magia do Sentir"...


segunda-feira, março 25, 2024

Carlos Durão: um autêntico "farol" do associativismo e da cultura local



Carlos Durão foi um grande dirigente associativo de Cacilhas, tendo sido presidente da Direcção do Ginásio Clube do Sul mais que uma vez. Muitas vezes ligam-no à fundação da SCALA, pelo seu prestígio local. Não, não é fundador, mas foi um grande Scalano. Como tesoureiro da nossa Colectividade em vários mandatos, foi decisivo  no equilíbrio e na ultrapassagem de alguns problemas, normais neste mundo do voluntariado.

Possuidor de uma "memória de elefante" teve  um papel bastante importante na pesquisa histórica que tenho feito sobre Cacilhas. Por estar desde sempre ligado a Cacilhas e ser descendente de duas famílias importantes da Localidade Ribeirinha - a família Pinto Gonçalves ligada ao comércio (possuíram um dos mais importantes armazéns do distrito de Setúbal) e a família Durão (donos de uma das empresas que faziam a ligação entre Cacilhas e a Capital. com embarcações de carga e de passageiros) -, o Carlos era uma das pessoas que possuía um conhecimento mais profundo e credível sobre os lugares  e as pessoas do nosso Concelho. 

Felizmente o Movimento Associativo Almadense, além de nos enriquecer culturalmente também tem a virtude de estreitar as relações humanas e fomentar a amizade. E o Carlos foi um bom amigo, além de nos ter dado belas lições de vida, graças à sua longa experiência de vida, revelou-se um autêntico "farol", guiando-nos sempre para bom porto.

(Gente da História da SCALA - VII)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, março 21, 2024

"A Fome" (para festejar a Poesia)


A Fome
  
Quem disse
E diz
Que não há fome
No meu País
Não mente
Nem mentiu
Porque não a sente
Nem sentiu
 
Mas quem a sente
Sabe que ele mente
 
Quem hoje a denúncia
Quando ontem se calava,
Por conveniência
Ou conivência
E cobardia
Não pode ser ousadia
Porque não a sente
Nem sentia
 
Neste juízo se compreende
Quem é mais réu
Se quem acusa
Ou quem se defende
 
Quem está inocente
Certamente
É aquele que é gente
E a fome sente
 
Abrantes Raposo

(Fotografia de Fernando Barão)

terça-feira, março 19, 2024

Jorge Gomes Fernandes: a filosofia, o saber e o gosto pela polémica


Jorge Gomes Fernandes terá sido um dos fundadores da SCALA, mais peculiares.

Filósofo de formação, adorava polemizar, olhar para a parte de trás (ou de baixo...) das coisas, semeando muitas vezes a discórdia nas mesas do café, mas sem nunca levar as discussões acesas para aspectos pessoais. Acreditava firmemente que era através de olhares diferentes que era possível chegar ao caminho certo, de qualquer tema, histórico, literário ou sobre a actualidade.

Adorava também conversar e conviver, foi por isso que foi um grande tertuliano das nossas "Tertúlias do Dragão Vermelho". Raramente perdia uma oportunidade de estar com os amigos e de levantar questões sobre os temas abordados, deslocando-se propositadamente de Lisboa para Almada. Também foi algumas vezes o "palestrante", divulgando os seus conhecimentos e estudos sobre etimologia e também sobre Cristovão Colombo.

Homem das Culturas, Jorge nunca deixou de se interessar pelo Concelho de Almada, especialmente a sua Cacilhas, onde nasceu e se fez homem. Foi desta forma que conheceu a "Tertúlia do Repuxo", que passou a frequentar, acabando, naturalmente, por ajudar a fundar a SCALA.

Aprendemos muito com a sua forma diferente, de ser e de estar, neste sociedade que gosta pouco de se ver ao espelho, com um olhar crítico.

(Gente da História da SCALA - VI)

(Fotografia de Luís Eme)


segunda-feira, março 18, 2024

Idalina Alves Rebelo: a sensibilidade feminina e o toque artístico e poético


Idalina Alves Rebelo foi a primeira Mulher a fazer-se notar no seio da "família scalana", graças à sua sensibilidade feminina, tão útil e importante, num mundo que fingia ser masculino.

Mas além da marca que ficou, desde orgulho e gosto, em ser Mulher, Idalina gostava de desenhar, pintar e de escrever e declamar poemas, assinando como AnyAna.

Foi também das pessoas que mais "viveu" as "Tertúlias do Dragão", como participante fiel e como activista cultural, ora com convites (foi graças a ela e à sua filha, que Raul Solnado nos visitou) ora com os seus poemas ou testemunhos da sua vivência em Cacilhas e Almada. Idalina amava tudo o que estivesse ligado ao mundo das Artes e Letras e sentia um grande orgulho pela história do Concelho de Almada.

Além destes aspectos, era um ser humano de grande bondade, ternura e tolerância (não nos lembramos de a ver a elevar o tom de voz ou de criar qualquer tipo de problema a quem quer que fosse).

Fez também várias vezes parte dos órgãos sociais da SCALA, que também sentia como "sua".

Conversei muitas vezes com ela, porque além de  ser uma pessoa agradável, era extremamente culta. Aprendi bastante sobre as gentes e os lugares de Almada. Ou seja, além de poetisa e pintora, também foi uma boa "professora" da história local.

Embora tivesse um grande orgulho em ser Mulher, o facto de viver numa sociedade marcadamente, masculina (para não lhe chamar outra coisa...), fez com que nunca lhe fosse reconhecido o seu valor, como poetisa e artista plástica.

(Gente da História da SCALA - V)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 13, 2024

A SCALA associa-se à Comemoração do Centenário do nascimento de Fernando Barão


A SCALA associa-se à Comemoração do Centenário do nascimento de Fernando Barão, que se realiza no próximo sábado no Salão de Festas da Incrível Almadense, às 15.30
horas.


domingo, março 10, 2024

Arménio Reis: um grande artista plástico (mesmo que ele por vezes fingisse que não era verdade...)


A SCALA teve a felicidade de ter entre os seus fundadores, Arménio Reis, um excelente artista plástico, que é o autor do bonito emblema (ou logotipo...) que não só identifica como representa, muito bem, os valores da nossa Sociedade Cultural.

Embora tenha ficado reconhecido como um grande aguarelista, no panorama local e nacional (mesmo que nunca se tenha levado muito a sério...), Arménio era um artista multifacetado. Quase todos admiravam o seu repentismo (quando começava a sentir que tinha mais que fazer que ouvir discursos, pegava numa caneta e começava a deixar a sua marca artística, que tanto podia ficar impressa numa toalha de papel ou num simples prato de sobremesa), que ficava depois para qualquer sortudo, que lhe pedisse a "obra", cuja beleza se tornava visível em poucos minutos. 

Dizer que o Arménio tinha "mãos de ouro", pode soar a exagero - até porque nunca enriqueceu com a Arte -, mas quem o conheceu sabe que ele tinha um talento especial, para tornar as coisas que o rodeavam mais bonitas, quando lhes tocava. Esteve radicado alguns anos no Algarve e era sempre convidado para decorar os carros que desfilavam nos corsos carnavalescos de Olhão, graças à sua imaginação e qualidade artística.

O Arménio tinha ainda outro talento, também natural: a bonomia. Para ele a "amizade era mesmo uma fé", dando excelentes lições de "estar bem" no convívio com os amigos, com um humor especial, que não deixava ninguém indiferente.

Infelizmente deixou-nos demasiado cedo, ainda antes da SCALA comemorar o seu segundo aniversário. 

Por nunca ter realizado uma exposição em Almada, a nossa Associação organizou um ano depois de ter partido, a "Semana de Arménio Reis", onde além de mostrarmos as suas obras também realizámos um colóquio evocativo do artista e da sua arte, gratos por tudo o que ele nos deu.

(Gente da História da SCALA - IV)

(Fotografia de Álvaro Costa)


quinta-feira, março 07, 2024

Diamantino Lourenço: a tolerância e o amor à cultura


Não é por acaso que Diamantino Lourenço é o único sócio honorário, distinguido em vida, da SCALA.

Além do seu amor pelas artes e letras (é muito multifacetado, não deverá haver uma área da cultura de que não goste...), é um ser humano de excepção.

Podemos dizer que este sócio fundador já foi praticamente tudo na SCALA. Até "bombeiro de serviço", algumas vezes, para apagar "fogos postos" por companheiros com egos demasiado exacerbados. Foi dirigente durante mais de vinte anos, ocupando os mais diversos cargos. Mas mais importante que os cargos foi ter sido sempre um "operário da cultura", estando sempre pronto para ajudar, no que fosse necessário. Montou mais de uma centena de exposições - de todo o género e em vários lugares - escreveu centenas de artigos no boletim "O Scala", informativos e memoralistas.

Podemos e devemos dizer, que é um associativista, de excelência!

Já falámos da sua tolerância, de ter sempre uma palavra positiva, mesmo nos maus momentos, de ser o equilíbrio, que muitas vez faltava, nas discussões mais acaloradas, mas não devemos esquecer o seu conhecimento e amor a todas as artes, desde a música, passando pelo teatro e pelo cinema.

E claro, é um dos escritores da nossa Terra, que muito honra os pergaminhos da SCALA e de Almada.

(Gente da História da SCALA - III)

(Fotografia de Luis Eme - Diamantino na companhia de Carlos Durão, Almada)


quarta-feira, março 06, 2024

A Festa que é mesmo uma "Festa"...


É já a 29.ª exposição (não é a trigésima devido à pandemia, para estar a par com os anos da Associação...). Passaram por ela centenas de artistas e foram expostas um número próximo dos três milhares de obras.

O que acho mais curioso, é o seu simbolismo artístico. Funciona muito como uma porta aberta, para todos aqueles que querem expor os seus trabalhos (não haver qualquer tipo de selecção facilita muito as coisas, e ainda bem, até porque faz parte dos princípios dos seus fundadores, que queriam tornar as artes e letras mais acessíveis a todas as pessoas...). São muitas, muitas dezenas de pessoas - provavelmente já passam a centena -, que se estrearam na "Festa", para depois seguiram a sua caminhada no mundo das artes, com mais ou menos sucesso.

E claro, temos alguma vaidade em termos sido nós a baptizar a exposição anual como "Festa das Artes da SCALA", porque é o nome certo para esta mostra de arte, ela é mesmo uma "Festa"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, março 05, 2024

SCALA: Trinta anos de Cultura em Almada


A SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada comemora hoje 30 anos de vida.

Nem tudo foi fácil neste caminhada, até por termos "assustado" algumas pessoas nos nossos primeiros anos de vida, graças à nossa dinâmica, uma quase originalidade no panorama associativo local.

Ao contrário de muitas outras, do pouco fazíamos muito. Nunca ficámos condicionados pela falta de apoio (que aconteceu mais vezes do as que queríamos, por parte da Município e até de algumas Juntas de Freguesia...), o nosso caminho era seguir em frente e fazer cultura, em qualquer lugar onde nos abrissem as portas e recebessem de braços abertos.

Quem nunca nos faltou em apoio, nos primeiros anos, foram o Ginásio Clube do Sul  e a Sociedade Filarmónica Incrível Almadense. Em algumas ocasiões quase que fizeram o papel de "pai" e de mãe" (felizmente).

Deixo aqui o meu aplauso para todos aqueles que ajudaram a construir este sonho, e que têm contribuído ao longo destas três décadas, para que a SCALA prossiga a sua caminhada no seio da Cultura Almadense. 

Felizmente, são (e foram...) muitos e bons!


segunda-feira, março 04, 2024

Henrique Mota: a amizade e a dignidade sem preço


Foi Henrique Mota que me trouxe para a "universo scalano" (ainda antes da fundação da SCALA), mas não é por isso que o considero uma das pessoas mais importantes que tive o prazer de conhecer em Almada e no Associativismo.

As suas qualidades humanas e associativas vão muito para lá da nossa amizade (mesmo que tenha sido uma das pessoas por quem senti mais empatia e o meu companheiro de eleição nas "tertúlias do Repuxo"). 

Em todas as colectividades existem divergências (nas culturais ainda é pior, porque todos gostam de ter opinião...),  pelo que é necessário haver uma voz de comando, com a inteligência, a frieza e a experiência necessárias, para que no fim acabe tudo bem. Henrique Mota foi muitas vezes essa voz,  fazia-se ouvir sem nunca ter de subir o seu tom ou gritar, obrigando os outros a descerem ao seu nível durante os diálogos. Posso mesmo dizer, que a sua experiência associativa (exerceu durante muitos anos os cargos principais no Ginásio Clube do Sul) foi o garante da estabilidade e do crescimento da SCALA nos primeiros anos.

O facto de ter um sentido ético muito vincado na sua personalidade, fazia com que fosse respeitado por todos (mesmo os que não tinham os mesmos valores...), pois o seu exemplo, e a sua dignidade, não davam espaço a qualquer tipo de devaneio.

A par destas qualidades foi também o grandes historiador do desporto almadense, com uma série de quatro volumes de "Desportistas Almadenses", impar no nosso país.

(Gente da História da SCALA - II)

(Fotografia de Luís Eme - Cacilhas)


sábado, março 02, 2024

Fernando Barão: o elemento com mais importância e peso cultural da SCALA


Nunca tivemos medo das palavras, e sempre estivemos atentos ao que nos rodeava. É por isso que dizemos, sem qualquer dúvida, que Fernando Barão foi o elemento com mais importância e peso  cultural da SCALA.

O crescimento  e a abrangência que se deu nos primeiros dez anos (impensável para muitos...)  de vida da SCALA, devem-se muito a ele. À paixão pelas coisas da cultura ele somava uma série de atributos humanos, que conseguiam conquistar gente de quase todas as áreas das artes e letras.

O que poderia ser uma simples Sociedade Literária (a maior parte dos fundadores estava ligada ao mundo das letras), estendeu-se para as artes plásticas, para a fotografia, e para todos os géneros de cultura, ao ponto de se darem passos para a organização de uma exposição artística anual, que hoje é a nossa "Festa das Artes da SCALA" (e já vai na sua 29.ª edição...).

O seu carisma, aliado à vontade de fazer, de criar, conquistaram alguns bons seguidores (como foi o nosso caso), porque finalmente tinha uma Associação apenas Cultural (sem o desporto e o recreio a confundir as coisas), para aproximar a cultura das pessoas, para que se tornasse mais fácil pensarem pelas suas cabecinhas. E depois tinha outra coisa muito importante, além de "influenciador", era um "facilitador", no que existe de melhor nesta palavra. Sempre que podia, tornava o difícil fácil, desarmando os "velhos do restelo" (que andam sempre à nossa volta), que preferiam o comodismo à activismo.

O Fernando, além de todas estas coisas, tinha ainda uma grande generosidade. Gostava de surpreender, ensinar e divertir os outros. Mesmo as anedotas que tanto gostava de nos oferecer, muitas vezes tinham uma importante componente social.

Provavelmente as "Tertúlias do Dragão" são aquilo que mais lhe conseguimos colar à pele, por tudo o que elas tiveram de positivo junto de muitos de nós: a oferta de cultura com a possibilidade de convivermos, sempre num ambiente de grande amizade e companheirismo, e até de cumplicidade. 

("Gente da História da SCALA" - I)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sexta-feira, março 01, 2024

A SCALA festeja 30 anos em Março

 


A SCALA festeja 30 anos no dia 5 de Março.

Por essa razão, durante os meses de Março e Abril, iremos recordar 30 scalanos e scalanas, que deixaram a sua marca nesta caminhada de três décadas pelos trilhos da Cultura Almadense, e também referir algumas curiosidades.

E para começar, nada melhor que recordar e louvar os 15 fundadores da Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada: Fernando Barão, Diamantino Lourenço, Henrique Mota, Arménio Reis, Abrantes Raposo, Victor Aparício, Jorge Gomes Fernandes, Virgolino Coutinho, Henrique Costa Mota, João da Cunha Dias, José Luís Tavares, Álvaro Costa, Artur Vaz, Manuel Lourenço Soares e Gil Antunes.

(Fotografia de Álvaro Costa)