sábado, outubro 26, 2024

Rosette Coelho: a escolha da poesia como companheira, na luta com o dia-a-dia...


Há mulheres que depois de ficarem sozinhas, fecham-se em casa, como se o mundo estivesse para acabar. Vestem-se de negro e esperam a sua vez, presas à memória do tempo em que pensavam ser felizes.

Há outras, que depois do primeiro embate com a "solidão", resolvem resistir. Dão uma ou duas voltas à vida  e levantam-se, com vontade de ir atrás de qualquer sonho lindo, que lhes ficou de "uma outra vida qualquer"...

E é assim que regressam a experimentar uma ou outra coisa, que noutros períodos da vida, as faziam sentir-se bem, criativas, mais livres e também mais preenchidas.

A SCALA teve a alegria de receber algumas destas mulheres, como foi o caso de Rosette Coelho, que trouxe consigo o amor à poesia, e ainda um sorriso contagiante, fundamentais para o nosso convívio, que juntava o social ao cultural, abrindo portas a novas amizades e à troca de saberes.

A Rosette trouxe-nos as palavras dos poetas que amava. Poetas que declamava com talento e emoção, sozinha ou em grupo (sim, fez parte do primeiro grupo de "Poetas da Scala", juntamente com Idalina Alves Rebelo, Cristina Fernandes, Nogueira Pardal e Fernando Barão).

E claro, uma alegria contagiante, que recordamos com saudade...

(Gente da História da SCALA - XXV)

(Fotografia de Luís Eme - com a Rosette a sorrir, na companhia do Fernando e da Guiomar)


terça-feira, outubro 08, 2024

Mártio: o lado artístico de Mário Martins


Já o dissemos mais que uma vez, que a SCALA foi quase obrigada a olhar para as artes plásticas, como parte integrante da Associação, devido à aderência de vários pintores, cuja qualidade deu logo nas vistas, nos nossos primeiros anos de vida. 

Um deles foi o Mártio (Mário Martins), que já era um pintor reconhecido no Concelho e não só, quando a SCALA foi fundada, em 1994 (começou a expor, individualmente desde 1963...).

Mas Mártio é um artista multifacetado, cujo talento nunca se cingiu apenas à pintura figurativa, mesmo que esta fosse  a técnica que mais o inspirou e fez dar nas vistas, ao longo de uma vida artística, de mais de sessenta anos. O impressionismo, o surrealismo também fazem parte do seu percurso como pintor, tal como realismo, entre outras experiências pictóricas.

Desenhou a carvão, modelou barro - os seus frades fizeram história -, pintou aguarelas, acrílicos, óleos, etc. Também fez ilustração - é autor de algumas capas de livros de amigos - e até de caricaturas (também ficou famosa a sua série das "Tias"...).

Olhando de soslaio para o seu outro lado, é importante referir que o Mário fez parte do rico movimento associativo almadense, nas colectividades da sua Cova da Piedade, especialmente na SFUAP, onde teve um papel fundamental no  crescimento e desenvolvimento do campismo.

Voltando à história da SCALA, sem o Mártio, o Mário Nery ou o Aníbal Sequeira, que estiveram connosco praticamente desde a primeira hora, a nossa Festa das Artes (entre outros eventos artísticos) não teria sido a mesma, ao longo de praticamente três décadas.

(Gente da História da SCALA - XXIV)

(Fotografia de Luís Eme )


domingo, setembro 15, 2024

Clara Mestre: o amor pela poesia e pela imagem


Durante a minha passagem pela SCALA, de praticamente duas décadas e meia, houve três mulheres que foram especiais, por razões diferentes. Já falámos de duas delas (Idalina Alves Rebelo e Gena Souza), falta falar da terceira: Clara Mestre.

Embora a Clara aparecesse na SCALA numa fase mais recente, graças à poesia (ela adora escrever e declamar...), faz parte da sua história.  Foi parte integrante da animação dos "Doces da Mimi", espaço que acabou por ser um bom ensaio para as actividades da SCALA, quando nos foi atribuída, uma sede, pelo Município.

Além da poesia, a Clara também gosta da imagem e da fotografia. E por essa razão foi uma das poetisas que aderiram de imediato à "poesia ilustrada", participando de uma forma entusiasta, ilustrando com alguma originalidade os seus poemas, com imagens que descobria aqui e ali.

A par das suas qualidades poéticas, estão as suas qualidades humanas. Não temos dúvidas de que é uma das pessoas que mais tem contribuido para que exista um ambiente saudável no seio da SCALA.

Acabou também por fazer parte dos Corpos Gerentes da SCALA, em cargos não executivos, em vários mandatos, tal é o seu gosto em participar, em fazer parte do rico associativismo almadense.

(Gente da História da SCALA - XXIII)

(Fotografia de Luís Eme)


sexta-feira, agosto 16, 2024

Luís Bayó Veiga e Modesto Viegas: a paixão comum pela Imagem e pela Cultura


Desta vez homenageamos uma dupla, pois foi assim que surgiram no panorama cultural da SCALA, quando fizeram a apresentação de um dos seus belos trabalhos de multimédia sobre Lisboa, na nossa memorável "Tertúlia do Dragão".

Falamos de Luís Bayó Veiga e de Modesto Viegas, que se tornaram posteriormente associados da SCALA e têm tido uma passagem associativa e artística bastante meritória, contribuindo para a valorização da Cultura, no seio da SCALA e no Concelho de Almada.

Luís Bayó Veiga, por residir em Almada (Modesto vive em Carcavelos...), acabou por se aproximar de uma forma mais efectiva. Tornou-se frequentador assíduo da "Tertúlia do Repuxo" (foi um dos últimos resistentes, a par de Luís Milheiro, Diamantino Lourenço e Abrantes Raposo...), partilhando o seu conhecimento e paixão pela história dos bairros antigos de Lisboa, assim como as suas memórias da Cacilhas da sua infância e adolescência. Memórias que passaram a livros (felizmente), Foi também dirigente da SCALA, em cargos não executivos, em mais que um mandato.

Modesto Viegas tem tido uma participação activa sobretudo como fotógrafo de grande qualidade, apaixonado pela fotografia de natureza (embora também adore fixar alguns pormenores urbanos...), valorizando a nossa Festa das Artes da SCALA, além de outras exposições, colectivas e individuais.

Embora não tenha presente o número de apresentações multimédia que já nos ofereceram, a maioria sobre a Lisboa Antiga, penso que já ultrapassam a dúzia. São sempre momentos exaltantes, pela beleza das imagens que nos oferecem, e também pela boa escolha das musicas de fundo.

Não menos importante, é o facto de serem ambos gente boa, que gosta, e sabe estar, no meio Associativo e Cultural de Almada.

(Gente da História da SCALA - XXI e XXII)

(Fotografia de Luís Eme)


sábado, julho 20, 2024

Mário Nery: a arte, a generosidade e a discrição de mão dada


Mário Nery tem sido um artista plástico fundamental para o reconhecimento da SCALA, enquanto associação artística no Concelho de Almada, graças à sua qualidade como desenhador e pintor.  

Fez-se associado logo nos primeiros anos, tendo feito parte também dos nossos Corpos Gerentes. Além da sua participação como artista, deu ainda uma ajuda preciosa na organização e montagem de algumas exposições, sempre que foi necessário.

O Mário e a sua esposa, Emídia, foram presenças habituais nas "Tertúlias do Dragão", fazendo parte integrante da "família tertuliana scalana" (só deixaram de aparecer devido a problemas de saúde da Emídia), ao ponto de Nery se ter tornado o nosso "desenhador oficial das tertúlias" oferecendo-nos desenhos cheios de humor, que retrataram muito bem algumas das temáticas discutidas nesses saudosos encontros de cultura e de amizade de Almada.

Provavelmente devido à sua discrição (e à nossa desatenção...), não se deu destaque merecido ao presente que o Mário Nery ofereceu à SCALA, na inauguração da Sede/ Galeria, onde ainda nos encontramos, um bonito retrato de Fernando Pessoa.

Felizmente ainda vamos a tempo de enaltecer a sua qualidade como artista e como ser humano.

(Gente da História da SCALA - XX)

(Fotografia de Américo D' Souza da inauguração da Sede Social da SCALA, com Mário Nery acompanhado de Joaquim Judas, Presidente do Município de Almada, Gena Souza e o Luís Milheiro, dirigentes da casa)


sexta-feira, julho 12, 2024

A "Viagem" sobre Fernando Barão continua na SCALA


A exposição "Uma Pequena Viagem pelo Mundo de Fernando Barão" vai continuar patente na sede da SCALA até ao começo de Setembro, porque com o período de férias não estão programadas outras exposições.


Ou seja, ainda é possível ver a exposição, basta falar com a direcção da SCALA, para saber da sua disponibilidade para estarem na sede.

(Fotografias de Luís Eme - Almada)


segunda-feira, julho 01, 2024

A Homenagem da SCALA a Manuel Cargaleiro


A SCALA presta homenagem a Manuel Cargaleiro, que nos deixou ontem e foi o primeiro vencedor do "Prémio Scalano".

Foi - e continuará a ser -  uma grandes grandes figuras do nosso País nas Artes Plásticas, cujo reconhecimento artistico atravessa os cinco continentes, devido à sua qualidade e ao traço artístico tão singular.


quinta-feira, junho 20, 2024

"uma pequena viagem pelo mundo de Fernando Barão"


"Uma pequena viagem pelo  mundo de Fernando Barão" tenta dar a conhecer, pequenos pormenores da vida deste "Renascentista da Cultura", que poderão ter escapado aos almadenses, que se interessam pela cultura e pelo associativismo.

É uma mostra quase biográfica, que merece ser visitada, por todos aqueles que conheceram o Fernando Barão, e também por quem tenha curiosidade em ficar a conhecer um pouco esta grande Personalidade Cacilhense, a quem nunca ficou mal o título de "Barão de Cacilhas".

A exposição é inaugurada no próximo sábado, 22 de Junho, às 16 horas, na Sede/ Galeria da SCALA.»


sábado, junho 01, 2024

Manuel Alves Pereira: uma marca singular de alegria e um exemplo de espírito inventivo


Manuel Alves Pereira foi outra das boas surpresas reveladas nas nossas "Tertúlias do Dragão", de um almadense octagenário, natural de Lanheses (Viana do Castelo), que continuava a amar a vida e as coisas da cultura e da ciência, sempre com vontade de nos surpreender com a sua "juventude" e bonomia.

Com um passado associativo  na Academia Almadense, depois de ter passado uma boa parte da sua vida na Holanda, como emigrante, Manuel descobriu a SCALA, que passou a ser o seu espaço colectivo primordial  de amizade, cultura, história, convívio e também de algum revivalismo.

Como gostava de participar activamente no nosso dia a dia, de vez  enquanto Manuel surpreendia-nos com uma ou outra graça, fruto do seu espírito inventivo. Também escolhia poemas ou apontamentos históricos, sobre as personalidades que eram enaltecidas nas Tertúlias (que raramente perdia), para nos oferecer.

Já no final de vida conseguiu escrever e publicar um livro antológico, com as suas poesias e os seus textos de prosa, que intitulou "Algumas Memórias de Almada e de Outros Lugares", para deixar alguma coisa de seu aos outros.

Foi a concretização de um sonho...

(Gente da História da SCALA - XIX)

(Fotografia de Luís Eme - Manuel num dos seus momentos, surpreendentes e alegres, na SCALA)


segunda-feira, maio 27, 2024

Mário Rodrigues: o Amor ao Teatro, ao Associativismo e a Cacilhas


Embora Mário Rodrigues fosse um dos sócios mais antigos da SCALA, só começou a ter uma participação maia activa na nossa Associação depois de começar a frequentar a "Tertúlia do Dragão".

Ficou encantado com o ambiente familiar que encontrou e com a promoção da cultura que a SCALA fazia nestes encontros mensais. E passou a ser presença certa (nem os seus problemas de saúde faziam com que faltasse...). As tertúlias sobre a história de Cacilhas, localidade onde nasceu e deu os primeiros passos como associativista (no Ginásio Clube do Sul), fizeram com que se tornasse um dos seus animadores. Depois trouxe o teatro, uma das suas grandes paixões, para aquele espaço de convívio e de partilhas culturais. Aproveitou algumas datas festivas, como o Natal, para embelezar a sala com motivos alusivos, dando largas à sua criatividade.

Como gostava muito de escrever, passou também a ser um dos colaboradores permanentes do boletim "O Scala", abordando preferencialmente o mundo das Artes e também a história de Cacilhas.

O seu entusiasmo pela SCALA foi tal que até se disponibilizou para fazer parte da sua direcção. Quando nos deixou, em 2013, era o nosso secretário.

Foi uma bela e grata surpresa termos conhecido este grande Associativista Almadense. Mesmo já octagenário, continuava cheio de vontade de fazer coisas.

(Gente da História da SCALA - XVIII)

(Fotografia de Luís Eme)


quinta-feira, maio 16, 2024

Ermelinda Toscano: a surpresa, a qualidade e a diferença na Cultura em Cacilhas


Ermelinda Toscano apareceu em Cacilhas, no começo do milénio, quase como um "meteorito", mas que em vez de destruir, veio construir, e abanar de uma forma positiva, a Cultura na localidade ribeirinha.

Falar dela e do "Café com Letras" é quase como falar da "galinha e do ovo". A sensação que temos é que apareceram ao mesmo tempo, e foram "uma bela de uma surpresa" no panorama local. A Ermelinda foi a grande dinamizadora desta "Casa da Cultura", que deu abrigo a tanta gente sedenta de coisas diferentes (especialmente aos poetas sem poiso...). Aconteceram coisas extraordinárias neste lugar, num curto espaço de tempo, desde palestras, exposições, sessões de poesia, lançamentos de livros ou simples convívios, sempre com a cultura presente.

Como normalmente acontece com todas as coisas boas, a falta de apoio, humano e logístico, faz com que tenham vidas curtas... nem mesmo a mudança de gerência e de nome (de "Café com Letras" passou a "Sabor e Arte"...) mudou o seu destino... Mas este espaço ficou na história da rua Cândido dos Reis e da Cultura Cacilhense. Voltando à Ermelinda, ainda hoje permanece inesquecível a sua colecção de pequenos cadernos "Index Poesis", que divulgou a obra de mais de uma centena de poetas locais (e não só...) e pela criação da associação formal de "Poetas Almadenses".

No meio de toda esta actividade, a SCALA conseguiu conquistá-la como associada, e mais tarde como dirigente. Apesar de pensarmos que ela nunca sentiu a SCALA como a sua verdadeira casa associativa (nessa altura já era dirigente de "O Farol"...), a sua passagem na nossa Associação foi extremamente importante, quer no apoio cultural quer no apoio logístico. 

A sua capacidade de trabalho e gosto pelas coisas da cultura, fez com que aceitasse fazer parte de uma direcção da SCALA composta apenas por mulheres (2012). Claro que foi uma ideia bonita mas com resultados pouco práticos, se excluirmos as boas prestações associativas da Ermelinda e da Gena de Sousa (os outros três elementos femininos da direcção estavam uns bons furos abaixo delas, em termos de capacidade e vontade...).

Desiludida com a falta de apoios autárquicos, com o funcionamento da SCALA (e também por problemas pessoais...), acabou por de ir desligando da nossa Associação, permanecendo hoje apenas como associada.

Apesar da sua passagem pela SCALA ter sido demasiado curta, foi bastante marcante e positiva, graças à sua qualidade enquanto activista cultural.

(Gente da História da SCALA - XVII)

(Fotografia de Gena Souza)


terça-feira, maio 14, 2024

Nogueira Pardal: o amor à poesia, ao alentejo e às coisas bonitas da vida


Nogueira Pardal é um dos sócios mais antigos da SCALA, mas não entrou logo na nossa "rota cultural". Isso aconteceu porque se tornou associado mais pela amizade que tinha a Fernando Barão (eram vizinhos na Verdizela), que por qualquer outra afinidade que sentisse pela nossa Associação.

Foi com as nossas "Tertúlias do Dragão" , que ele teve a possibilidade de nos mostrar o seu talento e valor como poeta e amante da literatura. Ou seja, teve uma presença activa e passiva, quer como palestrante quer como espectador (foi sua a primeira palestra das tertúlias, sobre a "A Tradição Coimbrã"...). Ofereceu-nos vários serões bem passados na companhia de excelentes autores, apresentados de uma forma simples mas muito completa, como foram os casos de Florbela Espanca, José Régio, António Gedeão ou Brito Camacho).

Apesar de se deslocar da Verdizela para Almada, Pardal raramente falhava uma tertúlia, sempre com a companhia da sua simpática esposa, a Antónia. Foram dois dos grandes resistentes desta meritória iniciativa da SCALA, que durou mais de doze anos...

Fez também várias vezes parte dos Corpos Gerentes, em cargos não executivos.  E graças à sua verve poética, passou a fazer parte do grupo de "Poetas da SCALA", que espalharam a poesia por vários lugares do Concelho. Foi também júri (em várias edições) do Concurso de Quadras Populares dedicadas a S. João, organizado em parceria com a SCALA e o Município de Almada.

Ou seja, tudo motivos para fazer parte da história da SCALA.

(Gente da História da SCALA - XVI)

(Fotografia de Luís Eme) 


sábado, maio 11, 2024

"Três Amigos, Três Estilos" (com memórias...)


Sei que já devia estar a trabalhar no segundo volume de "Gente da SCALA", mas parece que vou ter de escrever sobre mais que 30 pessoas (algumas aparecem-me em "duetos"...).

Entretanto ontem estive na Sede/ Galeria da SCALA a ajudar na montagem de uma exposição de três amigos.

Gostei "deste voltar", ainda por cima por uma boa causa: a amizade.

No regresso a casa dei por mim a pensar nas horas que perdia (e ganhava), como activista cultural. Foram bons momentos, em que tive a oportunidade de conhecer melhor várias pessoas e tornar-me amigos de algumas. Claro que, como acontece nestas coisas, apareceram também duas ou três "nuvens negras" (apesar do brilho do Sol...), a recordar o "pagamento" que recebi de toda esta disponibilidade...

Mas o bom foi estar com a Alzira, a Goreti e o Hélder, ajudando-os a "embelezar" a exposição que é inaugurada hoje, às 16 horas, "Três Amigos, Três Estilos".


quinta-feira, abril 25, 2024

Luís Milheiro: juiz em causa própria


Eu sei que é uma situação estranha estar aqui a falar de mim, mas a vida é o que é…

Mas como sempre fui um dos elementos mais activos no panorama cultural da SCALA, seria um acto de falsa modéstia “esconder” o meu nome da sua história, apenas por ser o autor…

O facto de ser o seu primeiro sócio não fundador, faz com que tenha acompanhado a sua história desde início. Fiz parte Corpos Gerentes durante 20 anos (fui vice-presidente e depois presidente da Direcção; fui também secretário e depois Presidente da Mesa da Assembleia Geral…). Fui director do boletim da Colectividade (“O Scala”), em duas fases diferentes.

Fui também o principal responsável pela edição de várias antologias de poesia e também o ideólogo da edição de uma obra importante, “Gente de Letras com Vínculo a Almada”, um dicionário bio-bibliográfico, de co-autoria com Diamantino Lourenço, Victor Aparício e Abrantes Raposo (editada na comemoração do 10.º aniversário da SCALA).

Com a desistência dos organizadores do Concurso de Fotografia “Almada a Terra e as Gentes”, a meio do projecto, fui escolhido como o principal dinamizador das suas edições sobre a Cova da Piedade, Feijó e Laranjeiro, Pragal, Sobreda e Trafaria, visitando todas as Freguesias de Almada, como estava previsto no início.

Durante mais de quinze anos, fui o responsável pela nossa exposição anual, baptizando-a como “Festa das Artes da SCALA” (fazia mais sentido, pois era e é uma festa).

Quando o Fernando Barão passou para a rectaguarda da realização das “Tertúlias do Dragão”, passei a ser o seu grande dinamizador, por saber da sua importância.

E acabei por ter também um papel importante na cedência da actual sede/galeria pela CMA, graças ao presidente do Município, Joaquim Judas (os outros vereadores, Maria do Carmo e António Matos, disseram-nos que o espaço já estava destinada para alguém…) e na sua transformação num "território cultural".

Muito mais haveria a dizer, mas fico-me por aqui, satisfeito pelo meu percurso associativo, artístico e literário como associado e dirigente Scalano…

(Gente da História da SCALA - XV)

Fotografia de Gena Souza)


terça-feira, abril 23, 2024

Maria Gertrudes Novais: a poesia no palco da vida


Foi graças aos seus “Doces da Mimi” (cafetaria e casa de chá) e à parceria cultural realizada com a SCALA, que a sua participação no dia a dia da nossa Associação se tornou mais efectiva, acabando por a transportar até ao cargo de Presidente da Direcção.

Apesar de ser bastante activa, os primeiros anos de presidência de Maria Gertrudes Novais, foram muito para “inglês ver”, uma vez que as tarefas de maior responsabilidade e organização, eram realizadas por outros elementos dos Corpos Gerentes. Foi assim nos seus dois primeiros mandatos.

Mesmo depois, quando deixou de ter esse apoio, e foi "obrigada" a ser mais “pró-activa”, ou seja, presidente a tempo inteiro, nunca conseguiu ser um elemento agregador, como os seus antecessores, deixando que a SCALA perdesse aos poucos, o seu espírito Tertuliano e até a aura familiar que lhe era característica, apesar de começarmos a contar com um espaço nosso (a propósito deste ponto, é importante referir que o seu dinamismo foi essencial na cedência da nossa Sede por parte do Município).

Por a conhecermos, sabemos que as suas limitações culturais também pesaram no actual “marcar passo” da SCALA, no panorama associativo local, estando hoje praticamente reduzida à poesia (a sua grande paixão, é autora de mais de meia-dúzia de obras literárias) – e agora também ao fado (a organização de exposições, funciona de uma forma quase automática, mas cada vez com menos expressão e inovação artística).

No entanto, é importante frisar, que na actualidade, sem a sua dedicação e voluntarismo, a SCALA pode até correr o risco de desaparecer, tal tem sido o desinteresse manifestado por uma boa parte dos seus associados pela vida da Associação…

(Gente da História da SCALA - XIV)

(Fotografia de Gena Souza)


sexta-feira, abril 19, 2024

Américo d'Souza: a arte e o engenho ao serviço do colectivo


Poderia ter dado mais algum espaço, não fazer com que o Américo surgisse logo depois da sua companheira, Gena, mas eles completavam-se, eram quase "almas gémeas", não me lembro de os ver um sem o outro, onde quer que fosse...

Foi também por isso que acabaram por coincidir na Direcção da SCALA, ele como vice-presidente Cultural, ela como Tesoureira. Foram dois elementos preciosos para a aposta da SCALA na diversidade e não apenas em duas ou três actividades culturais, como até aí se fazia, graças à parceria da nossa Associação com os "Doces da Mimi" (que tinham aberto há pouco tempo...).

A transformação deste espaço também em galeria de arte, para acolher exposições dos nossos associados, teve muito mais que o seu dedo. Foi graças ao seu espírito inventivo que foi possível adquirir (e montar...) calhas e correntes, que não só facilitavam a realização, como tornavam estas mostras agradáveis para quem as visitava nos "Doces da Mimi". Material  que depois transitaria para a nossa actual Sede/ Galeria, na rua Conde Ferreira, onde continuam a ser bastantes uteis para todos os artistas scalanos que ali expõem.

Na transformação do espaço que antes era utilizado pela USALMA e passou a ser a nossa Sede, o Américo voltou a ser importante, com as suas ideias, ajudando-nos a fazer muito com pouco dinheiro.

Além de tudo isto, é um excelente artista plástico. 

Claro que o Américo está longe de ser uma pessoa fácil. Quase que podemos dizer, que, pessoas de quem ele gosta têm tudo, pessoas de quem ele não gosta, não têm nada... 

(Gente da História da SCALA XIII)

(Fotografia de João Miguel)


terça-feira, abril 16, 2024

Gena Souza: a arte de estar, de criar e de sorrir


A Gena (Eugénia) de Souza entrou na SCALA, de uma forma tímida, quase escondida atrás das costas do Américo, seu companheiro, que também era (e é) o pintor D' Souza. 

Claro que o seu sorriso aberto e bonito não se conseguia esconder, muito menos a sua energia positiva, tão contagiante. Só por isso era uma mais valia para a nossa Associação Cultural. Mas a Gena foi sempre muito mais que um sorriso...

Quando se tornou tesoureira da SCALA, não se ficou pelos números, as suas preocupações e interesses chegavam a quase todo o lado. E como a presidente gostava de ter um papel quase "decorativo" (era muito boa a passar tarefas para os outros...) e estávamos longe de ter um secretário a sério, a organização administrativa da SCALA passou a ter mais que o seu dedo, a sua mão...

Além destas qualidades, a Gena tinha o verdadeiro espírito associativo (tão em desuso...), gostava de trabalhar em prol da comunidade, sentia prazer em trabalhar para os outros. E outra coisa, não menos importante, sabia ouvir.

Gostava muito de fotografia e tinha qualidade artística (foi muito bom quando saiu da sombra e começou a expor as suas imagens...).

O desaparecimento precoce da Gena, foi uma das maiores perdas da SCALA a que assistimos, devido à sua disponibilidade, alegria, companheirismo e qualidade de trabalho.

(Gente da História da SCALA - XII)

(Fotografia de Luís Eme) 


sexta-feira, abril 12, 2024

Aníbal Sequeira: um fotógrafo e artista de excepção


Apesar da SCALA ser uma Associação Cultural, aberta e inclusiva, que nunca teve como principal raio de acção a preocupação em privilegiar a qualidade artística dos seus associados, em relação a outros - menos bafejados com o talento... -, mas nunca escondeu o orgulho de ter  também no seu seio, excelentes representantes do mundo das Artes e Letras (que felizmente continuamos a ter...).

Aníbal Sequeira é um desses artistas. Scalano desde os nossos primeiros tempos, é um excelente fotógrafo, capaz de nos oferecer imagens de rara beleza, na vertente do "preto e branco" (premiado pelo mundo inteiro). Já escrevemos e continuamos a pensar que Aníbal é um fotógrafo fascinado pelo realismo poético-social.

Além da sua singularidade artística, Aníbal, economista de formação, também fez parte dos Corpos Gerentes da SCALA, mais que uma vez, ocupando cargos importantes, como  foram as presidências da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.

Esta homenagem, pretende ser maior do que realmente é. Pretende chegar a todos aqueles que quase que "obrigaram" a SCALA a ser uma verdadeira Associação de Artes e Letras e não apenas um "clube de escritores" como alguns pensavam (e queriam que fosse).

(Gente da História da SCALA - XI)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 06, 2024

Virgolino Coutinho: o amigo dos escritores almadenses

Virgolino Coutinho foi sempre um homem ligado à Cultura e ao Associativismo de Almada. Foi esta sua ligação que o levou a unir-se aos 14 companheiros que decidiram fundar a SCALA, em Março de 1994.

Por saber que era necessário consolidar a nossa Associação no panorama associativo local, especialmente nos seus primeiros anos de vida, foi “à luta” e fez parte dos corpos gerentes da SCALA durante vários mandatos (Presidente do Conselho Fiscal em 1994/95; vice-presidente Administrativo 1996/97 e 2000/01; vogal da Direcção 1998/99). 

Esteve toda a vida ligado às artes gráficas, sendo reconhecido como um excelente técnico e um grande amigo dos escritores almadenses. Sim, amigo. Ajudou a editar dezenas e dezenas de livros de autores do nosso Concelho, além de também impulsionar a edição de boletins de inúmeras colectividades de Almada como foi o caso da SCALA (foi o “mecenas” dos primeiros números de “O Scala”, ao qual manteve sempre uma ligação próxima). 

Virgolino também esteve ligado ao “Rua Nova”, à Sociedade Columbófila os Águias, ao Ginásio Clube do Sul e sobretudo à Incrível Almadense, onde foi seu dirigente durante vários mandatos e fez parte da Comissão das Comemorações do seu 150 º aniversário, prestando também aqui um grande apoio na edição de jornais e também de folhetos comemorativos. 

Era um homem simples e de bom trato, que deixou a sua marca em todos aqueles que lidaram de perto com ele e sentiram o quanto privilegiava a amizade e o companheirismo.

(Gente da História da SCALA - X)

(Fotografia de Luís Eme - Virgolino está ao centro, com João da Cunha Dias e Diamantino Lourenço)


quarta-feira, abril 03, 2024

Victor Aparício: a paixão pelo jornalismo e pelos livros


Natural de Lisboa,  Victor Aparício veio viver para Almada, no começo da adolescência. Uma das suas descobertas mais estimulantes, foram as bibliotecas do movimento associativo almadense, que o iriam ajudar bastante a alimentar a paixão pelo mundo dos livros e dos jornais. 

Se a literatura ainda estava longe, o jornalismo nem por isso, começando a escrever logo que lhe foi possível na imprensa local (com relevo para o "Jornal de Almada" e "O Setubalense", assim como outras publicações locais, como o boletim "O Scala", que chegou a dirigir).

E depois vieram os livros, ainda que de forma tímida. Embora os apoios tenham sido sempre escassos, o Victor conseguiu deixar-nos mais de uma dúzia de obras, entre a poesia, a ficção e a biografia e o ensaio sobre história local. Algumas destas obras continuam a despertar interesse local, como é o caso de "Tonecas, a Tragédia que Enlutou Almada" e de "Os Palmeiros e os Gafos de Cacilhas".

A ligação ao jornalismo, aos livros e ao associativismo, transportaram-no para a "Tertúlia do Repuxo", que acabou por ser o "berço" da SCALA, da qual foi um dos fundadores. Apesar de ser demasiado meticuloso, com as palavras e com os procedimentos de secretaria (era conhecido como o "picuinhas"...), foi decisivo na organização e no arquivo da nossa Associação, nos primeiros anos, quando exerceu a função de Secretário da Direcção.

A vida de  Victor Aparício esteve longe de ser fácil, principalmente na infância e adolescência. Isso fazia com que fosse demasiado reservado, ao ponto de nem sempre ter sido bem compreendido pelos amigos. O mesmo se passou no seio da SCALA.

(Gente da História da SCALA - IX)

(Fotografia de Gena Souza - Almada)


sábado, março 30, 2024

Abrantes Raposo: o amor à SCALA e à poesia


Abrantes Raposo além de fundador foi um dos dirigentes mais generosos da SCALA, oferecendo a sua oficina de encadernador como a primeira sede da nossa Associação (até abrirmos um apartado postal nos CTT, a nossa morada ficava na mítica Rua Emília Pomar) onde recebíamos toda a correspondência.

Por as sua oficina ficar a caminho da nossa casa, parávamos muitas vezes na sua oficina, para dar dois dedos de conversa e cimentar a nossa amizade. Estes encontros também nos faziam ver que Abrantes Raposo estava longe de ser uma pessoa fácil, que vivia tudo com muita intensidade, afastando-se algumas vezes da razão.

Foi presidente de Direcção da SCALA no biénio 1996/97 e exerceu ainda vários cargos nos Corpos Gerentes, durante mais de uma década. 

Fez parte de um trio que ficou conhecido como os "velhos do restelo da SCALA" (Raposo, Aparício e Vaz), por  além de serem conservadores, terem dúvidas se o crescimento surpreendente da Associação nos primeiros anos, nos meios culturais almadenses, que nem todos conseguiam acompanhar, não poderia trazer problemas num futuro próximo...

Foi também poeta e ensaísta, embora a sua grande paixão e forma de exprimir o seu sentir fosse através da poesia, deixando várias obras da sua autoria para a posterioridade.

Teve também uma importante participação político-social local, como Deputado Municipal e como Presidente da Assembleia de Freguesia de Cacilhas, em representação do Partido Socialista.

(Gente da História da SCALA - VIII)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 27, 2024

O Poeta Luís Alves deixou-nos no Dia Mundial da Poesia


O poeta Scalano, Luís Alves, deixou-nos no dia 21 de Março.

O Luís amava a poesia como poucos. Poesia que foi um dos seus grandes apoios nos últimos anos (a par da família, claro), ajudando-o a "minimizar" os problemas de saúde que o afectavam, pois se havia coisa que lhe dava prazer, era escrever e declamar Poesia.

É por essa razão, que acaba por ser significativo, o facto do Poeta nos ter deixado no Dia Mundial da Poesia... 

Luís Alves deixa uma enorme saudade entre todos aqueles que tiveram o prazer de o conhecer e sabem o quanto ele gostava das palavras bonitas. da "Magia do Sentir"...


segunda-feira, março 25, 2024

Carlos Durão: um autêntico "farol" do associativismo e da cultura local



Carlos Durão foi um grande dirigente associativo de Cacilhas, tendo sido presidente da Direcção do Ginásio Clube do Sul mais que uma vez. Muitas vezes ligam-no à fundação da SCALA, pelo seu prestígio local. Não, não é fundador, mas foi um grande Scalano. Como tesoureiro da nossa Colectividade em vários mandatos, foi decisivo  no equilíbrio e na ultrapassagem de alguns problemas, normais neste mundo do voluntariado.

Possuidor de uma "memória de elefante" teve  um papel bastante importante na pesquisa histórica que tenho feito sobre Cacilhas. Por estar desde sempre ligado a Cacilhas e ser descendente de duas famílias importantes da Localidade Ribeirinha - a família Pinto Gonçalves ligada ao comércio (possuíram um dos mais importantes armazéns do distrito de Setúbal) e a família Durão (donos de uma das empresas que faziam a ligação entre Cacilhas e a Capital. com embarcações de carga e de passageiros) -, o Carlos era uma das pessoas que possuía um conhecimento mais profundo e credível sobre os lugares  e as pessoas do nosso Concelho. 

Felizmente o Movimento Associativo Almadense, além de nos enriquecer culturalmente também tem a virtude de estreitar as relações humanas e fomentar a amizade. E o Carlos foi um bom amigo, além de nos ter dado belas lições de vida, graças à sua longa experiência de vida, revelou-se um autêntico "farol", guiando-nos sempre para bom porto.

(Gente da História da SCALA - VII)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quinta-feira, março 21, 2024

"A Fome" (para festejar a Poesia)


A Fome
  
Quem disse
E diz
Que não há fome
No meu País
Não mente
Nem mentiu
Porque não a sente
Nem sentiu
 
Mas quem a sente
Sabe que ele mente
 
Quem hoje a denúncia
Quando ontem se calava,
Por conveniência
Ou conivência
E cobardia
Não pode ser ousadia
Porque não a sente
Nem sentia
 
Neste juízo se compreende
Quem é mais réu
Se quem acusa
Ou quem se defende
 
Quem está inocente
Certamente
É aquele que é gente
E a fome sente
 
Abrantes Raposo

(Fotografia de Fernando Barão)

terça-feira, março 19, 2024

Jorge Gomes Fernandes: a filosofia, o saber e o gosto pela polémica


Jorge Gomes Fernandes terá sido um dos fundadores da SCALA, mais peculiares.

Filósofo de formação, adorava polemizar, olhar para a parte de trás (ou de baixo...) das coisas, semeando muitas vezes a discórdia nas mesas do café, mas sem nunca levar as discussões acesas para aspectos pessoais. Acreditava firmemente que era através de olhares diferentes que era possível chegar ao caminho certo, de qualquer tema, histórico, literário ou sobre a actualidade.

Adorava também conversar e conviver, foi por isso que foi um grande tertuliano das nossas "Tertúlias do Dragão Vermelho". Raramente perdia uma oportunidade de estar com os amigos e de levantar questões sobre os temas abordados, deslocando-se propositadamente de Lisboa para Almada. Também foi algumas vezes o "palestrante", divulgando os seus conhecimentos e estudos sobre etimologia e também sobre Cristovão Colombo.

Homem das Culturas, Jorge nunca deixou de se interessar pelo Concelho de Almada, especialmente a sua Cacilhas, onde nasceu e se fez homem. Foi desta forma que conheceu a "Tertúlia do Repuxo", que passou a frequentar, acabando, naturalmente, por ajudar a fundar a SCALA.

Aprendemos muito com a sua forma diferente, de ser e de estar, neste sociedade que gosta pouco de se ver ao espelho, com um olhar crítico.

(Gente da História da SCALA - VI)

(Fotografia de Luís Eme)


segunda-feira, março 18, 2024

Idalina Alves Rebelo: a sensibilidade feminina e o toque artístico e poético


Idalina Alves Rebelo foi a primeira Mulher a fazer-se notar no seio da "família scalana", graças à sua sensibilidade feminina, tão útil e importante, num mundo que fingia ser masculino.

Mas além da marca que ficou, desde orgulho e gosto, em ser Mulher, Idalina gostava de desenhar, pintar e de escrever e declamar poemas, assinando como AnyAna.

Foi também das pessoas que mais "viveu" as "Tertúlias do Dragão", como participante fiel e como activista cultural, ora com convites (foi graças a ela e à sua filha, que Raul Solnado nos visitou) ora com os seus poemas ou testemunhos da sua vivência em Cacilhas e Almada. Idalina amava tudo o que estivesse ligado ao mundo das Artes e Letras e sentia um grande orgulho pela história do Concelho de Almada.

Além destes aspectos, era um ser humano de grande bondade, ternura e tolerância (não nos lembramos de a ver a elevar o tom de voz ou de criar qualquer tipo de problema a quem quer que fosse).

Fez também várias vezes parte dos órgãos sociais da SCALA, que também sentia como "sua".

Conversei muitas vezes com ela, porque além de  ser uma pessoa agradável, era extremamente culta. Aprendi bastante sobre as gentes e os lugares de Almada. Ou seja, além de poetisa e pintora, também foi uma boa "professora" da história local.

Embora tivesse um grande orgulho em ser Mulher, o facto de viver numa sociedade marcadamente, masculina (para não lhe chamar outra coisa...), fez com que nunca lhe fosse reconhecido o seu valor, como poetisa e artista plástica.

(Gente da História da SCALA - V)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


quarta-feira, março 13, 2024

A SCALA associa-se à Comemoração do Centenário do nascimento de Fernando Barão


A SCALA associa-se à Comemoração do Centenário do nascimento de Fernando Barão, que se realiza no próximo sábado no Salão de Festas da Incrível Almadense, às 15.30
horas.


domingo, março 10, 2024

Arménio Reis: um grande artista plástico (mesmo que ele por vezes fingisse que não era verdade...)


A SCALA teve a felicidade de ter entre os seus fundadores, Arménio Reis, um excelente artista plástico, que é o autor do bonito emblema (ou logotipo...) que não só identifica como representa, muito bem, os valores da nossa Sociedade Cultural.

Embora tenha ficado reconhecido como um grande aguarelista, no panorama local e nacional (mesmo que nunca se tenha levado muito a sério...), Arménio era um artista multifacetado. Quase todos admiravam o seu repentismo (quando começava a sentir que tinha mais que fazer que ouvir discursos, pegava numa caneta e começava a deixar a sua marca artística, que tanto podia ficar impressa numa toalha de papel ou num simples prato de sobremesa), que ficava depois para qualquer sortudo, que lhe pedisse a "obra", cuja beleza se tornava visível em poucos minutos. 

Dizer que o Arménio tinha "mãos de ouro", pode soar a exagero - até porque nunca enriqueceu com a Arte -, mas quem o conheceu sabe que ele tinha um talento especial, para tornar as coisas que o rodeavam mais bonitas, quando lhes tocava. Esteve radicado alguns anos no Algarve e era sempre convidado para decorar os carros que desfilavam nos corsos carnavalescos de Olhão, graças à sua imaginação e qualidade artística.

O Arménio tinha ainda outro talento, também natural: a bonomia. Para ele a "amizade era mesmo uma fé", dando excelentes lições de "estar bem" no convívio com os amigos, com um humor especial, que não deixava ninguém indiferente.

Infelizmente deixou-nos demasiado cedo, ainda antes da SCALA comemorar o seu segundo aniversário. 

Por nunca ter realizado uma exposição em Almada, a nossa Associação organizou um ano depois de ter partido, a "Semana de Arménio Reis", onde além de mostrarmos as suas obras também realizámos um colóquio evocativo do artista e da sua arte, gratos por tudo o que ele nos deu.

(Gente da História da SCALA - IV)

(Fotografia de Álvaro Costa)


quinta-feira, março 07, 2024

Diamantino Lourenço: a tolerância e o amor à cultura


Não é por acaso que Diamantino Lourenço é o único sócio honorário, distinguido em vida, da SCALA.

Além do seu amor pelas artes e letras (é muito multifacetado, não deverá haver uma área da cultura de que não goste...), é um ser humano de excepção.

Podemos dizer que este sócio fundador já foi praticamente tudo na SCALA. Até "bombeiro de serviço", algumas vezes, para apagar "fogos postos" por companheiros com egos demasiado exacerbados. Foi dirigente durante mais de vinte anos, ocupando os mais diversos cargos. Mas mais importante que os cargos foi ter sido sempre um "operário da cultura", estando sempre pronto para ajudar, no que fosse necessário. Montou mais de uma centena de exposições - de todo o género e em vários lugares - escreveu centenas de artigos no boletim "O Scala", informativos e memoralistas.

Podemos e devemos dizer, que é um associativista, de excelência!

Já falámos da sua tolerância, de ter sempre uma palavra positiva, mesmo nos maus momentos, de ser o equilíbrio, que muitas vez faltava, nas discussões mais acaloradas, mas não devemos esquecer o seu conhecimento e amor a todas as artes, desde a música, passando pelo teatro e pelo cinema.

E claro, é um dos escritores da nossa Terra, que muito honra os pergaminhos da SCALA e de Almada.

(Gente da História da SCALA - III)

(Fotografia de Luis Eme - Diamantino na companhia de Carlos Durão, Almada)


quarta-feira, março 06, 2024

A Festa que é mesmo uma "Festa"...


É já a 29.ª exposição (não é a trigésima devido à pandemia, para estar a par com os anos da Associação...). Passaram por ela centenas de artistas e foram expostas um número próximo dos três milhares de obras.

O que acho mais curioso, é o seu simbolismo artístico. Funciona muito como uma porta aberta, para todos aqueles que querem expor os seus trabalhos (não haver qualquer tipo de selecção facilita muito as coisas, e ainda bem, até porque faz parte dos princípios dos seus fundadores, que queriam tornar as artes e letras mais acessíveis a todas as pessoas...). São muitas, muitas dezenas de pessoas - provavelmente já passam a centena -, que se estrearam na "Festa", para depois seguiram a sua caminhada no mundo das artes, com mais ou menos sucesso.

E claro, temos alguma vaidade em termos sido nós a baptizar a exposição anual como "Festa das Artes da SCALA", porque é o nome certo para esta mostra de arte, ela é mesmo uma "Festa"...

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


terça-feira, março 05, 2024

SCALA: Trinta anos de Cultura em Almada


A SCALA - Sociedade Cultural de Artes e Letras de Almada comemora hoje 30 anos de vida.

Nem tudo foi fácil neste caminhada, até por termos "assustado" algumas pessoas nos nossos primeiros anos de vida, graças à nossa dinâmica, uma quase originalidade no panorama associativo local.

Ao contrário de muitas outras, do pouco fazíamos muito. Nunca ficámos condicionados pela falta de apoio (que aconteceu mais vezes do as que queríamos, por parte da Município e até de algumas Juntas de Freguesia...), o nosso caminho era seguir em frente e fazer cultura, em qualquer lugar onde nos abrissem as portas e recebessem de braços abertos.

Quem nunca nos faltou em apoio, nos primeiros anos, foram o Ginásio Clube do Sul  e a Sociedade Filarmónica Incrível Almadense. Em algumas ocasiões quase que fizeram o papel de "pai" e de mãe" (felizmente).

Deixo aqui o meu aplauso para todos aqueles que ajudaram a construir este sonho, e que têm contribuído ao longo destas três décadas, para que a SCALA prossiga a sua caminhada no seio da Cultura Almadense. 

Felizmente, são (e foram...) muitos e bons!