quinta-feira, abril 25, 2024

Luís Milheiro: juiz em causa própria


Eu sei que é uma situação estranha estar aqui a falar de mim, mas a vida é o que é…

Mas como sempre fui um dos elementos mais activos no panorama cultural da SCALA, seria um acto de falsa modéstia “esconder” o meu nome da sua história, apenas por ser o autor…

O facto de ser o seu primeiro sócio não fundador, faz com que tenha acompanhado a sua história desde início. Fiz parte Corpos Gerentes durante 20 anos (fui vice-presidente e depois presidente da Direcção; fui também secretário e depois Presidente da Mesa da Assembleia Geral…). Fui director do boletim da Colectividade (“O Scala”), em duas fases diferentes.

Fui também o principal responsável pela edição de várias antologias de poesia e também o ideólogo da edição de uma obra importante, “Gente de Letras com Vínculo a Almada”, um dicionário bio-bibliográfico, de co-autoria com Diamantino Lourenço, Victor Aparício e Abrantes Raposo (editada na comemoração do 10.º aniversário da SCALA).

Com a desistência dos organizadores do Concurso de Fotografia “Almada a Terra e as Gentes”, a meio do projecto, fui escolhido como o principal dinamizador das suas edições sobre a Cova da Piedade, Feijó e Laranjeiro, Pragal, Sobreda e Trafaria, visitando todas as Freguesias de Almada, como estava previsto no início.

Durante mais de quinze anos, fui o responsável pela nossa exposição anual, baptizando-a como “Festa das Artes da SCALA” (fazia mais sentido, pois era e é uma festa).

Quando o Fernando Barão passou para a rectaguarda da realização das “Tertúlias do Dragão”, passei a ser o seu grande dinamizador, por saber da sua importância.

E acabei por ter também um papel importante na cedência da actual sede/galeria pela CMA, graças ao presidente do Município, Joaquim Judas (os outros vereadores, Maria do Carmo e António Matos, disseram-nos que o espaço já estava destinada para alguém…) e na sua transformação num "território cultural".

Muito mais haveria a dizer, mas fico-me por aqui, satisfeito pelo meu percurso associativo, artístico e literário como associado e dirigente Scalano…

(Gente da História da SCALA - XV)

Fotografia de Gena Souza)


terça-feira, abril 23, 2024

Maria Gertrudes Novais: a poesia no palco da vida


Foi graças aos seus “Doces da Mimi” (cafetaria e casa de chá) e à parceria cultural realizada com a SCALA, que a sua participação no dia a dia da nossa Associação se tornou mais efectiva, acabando por a transportar até ao cargo de Presidente da Direcção.

Apesar de ser bastante activa, os primeiros anos de presidência de Maria Gertrudes Novais, foram muito para “inglês ver”, uma vez que as tarefas de maior responsabilidade e organização, eram realizadas por outros elementos dos Corpos Gerentes. Foi assim nos seus dois primeiros mandatos.

Mesmo depois, quando deixou de ter esse apoio, e foi "obrigada" a ser mais “pró-activa”, ou seja, presidente a tempo inteiro, nunca conseguiu ser um elemento agregador, como os seus antecessores, deixando que a SCALA perdesse aos poucos, o seu espírito Tertuliano e até a aura familiar que lhe era característica, apesar de começarmos a contar com um espaço nosso (a propósito deste ponto, é importante referir que o seu dinamismo foi essencial na cedência da nossa Sede por parte do Município).

Por a conhecermos, sabemos que as suas limitações culturais também pesaram no actual “marcar passo” da SCALA, no panorama associativo local, estando hoje praticamente reduzida à poesia (a sua grande paixão, é autora de mais de meia-dúzia de obras literárias) – e agora também ao fado (a organização de exposições, funciona de uma forma quase automática, mas cada vez com menos expressão e inovação artística).

No entanto, é importante frisar, que na actualidade, sem a sua dedicação e voluntarismo, a SCALA pode até correr o risco de desaparecer, tal tem sido o desinteresse manifestado por uma boa parte dos seus associados pela vida da Associação…

(Gente da História da SCALA - XIV)

(Fotografia de Gena Souza)


sexta-feira, abril 19, 2024

Américo d'Souza: a arte e o engenho ao serviço do colectivo


Poderia ter dado mais algum espaço, não fazer com que o Américo surgisse logo depois da sua companheira, Gena, mas eles completavam-se, eram quase "almas gémeas", não me lembro de os ver um sem o outro, onde quer que fosse...

Foi também por isso que acabaram por coincidir na Direcção da SCALA, ele como vice-presidente Cultural, ela como Tesoureira. Foram dois elementos preciosos para a aposta da SCALA na diversidade e não apenas em duas ou três actividades culturais, como até aí se fazia, graças à parceria da nossa Associação com os "Doces da Mimi" (que tinham aberto há pouco tempo...).

A transformação deste espaço também em galeria de arte, para acolher exposições dos nossos associados, teve muito mais que o seu dedo. Foi graças ao seu espírito inventivo que foi possível adquirir (e montar...) calhas e correntes, que não só facilitavam a realização, como tornavam estas mostras agradáveis para quem as visitava nos "Doces da Mimi". Material  que depois transitaria para a nossa actual Sede/ Galeria, na rua Conde Ferreira, onde continuam a ser bastantes uteis para todos os artistas scalanos que ali expõem.

Na transformação do espaço que antes era utilizado pela USALMA e passou a ser a nossa Sede, o Américo voltou a ser importante, com as suas ideias, ajudando-nos a fazer muito com pouco dinheiro.

Além de tudo isto, é um excelente artista plástico. 

Claro que o Américo está longe de ser uma pessoa fácil. Quase que podemos dizer, que, pessoas de quem ele gosta têm tudo, pessoas de quem ele não gosta, não têm nada... 

(Gente da História da SCALA XIII)

(Fotografia de João Miguel)


terça-feira, abril 16, 2024

Gena Souza: a arte de estar, de criar e de sorrir


A Gena (Eugénia) de Souza entrou na SCALA, de uma forma tímida, quase escondida atrás das costas do Américo, seu companheiro, que também era (e é) o pintor D' Souza. 

Claro que o seu sorriso aberto e bonito não se conseguia esconder, muito menos a sua energia positiva, tão contagiante. Só por isso era uma mais valia para a nossa Associação Cultural. Mas a Gena foi sempre muito mais que um sorriso...

Quando se tornou tesoureira da SCALA, não se ficou pelos números, as suas preocupações e interesses chegavam a quase todo o lado. E como a presidente gostava de ter um papel quase "decorativo" (era muito boa a passar tarefas para os outros...) e estávamos longe de ter um secretário a sério, a organização administrativa da SCALA passou a ter mais que o seu dedo, a sua mão...

Além destas qualidades, a Gena tinha o verdadeiro espírito associativo (tão em desuso...), gostava de trabalhar em prol da comunidade, sentia prazer em trabalhar para os outros. E outra coisa, não menos importante, sabia ouvir.

Gostava muito de fotografia e tinha qualidade artística (foi muito bom quando saiu da sombra e começou a expor as suas imagens...).

O desaparecimento precoce da Gena, foi uma das maiores perdas da SCALA a que assistimos, devido à sua disponibilidade, alegria, companheirismo e qualidade de trabalho.

(Gente da História da SCALA - XII)

(Fotografia de Luís Eme) 


sexta-feira, abril 12, 2024

Aníbal Sequeira: um fotógrafo e artista de excepção


Apesar da SCALA ser uma Associação Cultural, aberta e inclusiva, que nunca teve como principal raio de acção a preocupação em privilegiar a qualidade artística dos seus associados, em relação a outros - menos bafejados com o talento... -, mas nunca escondeu o orgulho de ter  também no seu seio, excelentes representantes do mundo das Artes e Letras (que felizmente continuamos a ter...).

Aníbal Sequeira é um desses artistas. Scalano desde os nossos primeiros tempos, é um excelente fotógrafo, capaz de nos oferecer imagens de rara beleza, na vertente do "preto e branco" (premiado pelo mundo inteiro). Já escrevemos e continuamos a pensar que Aníbal é um fotógrafo fascinado pelo realismo poético-social.

Além da sua singularidade artística, Aníbal, economista de formação, também fez parte dos Corpos Gerentes da SCALA, mais que uma vez, ocupando cargos importantes, como  foram as presidências da Mesa da Assembleia Geral e do Conselho Fiscal.

Esta homenagem, pretende ser maior do que realmente é. Pretende chegar a todos aqueles que quase que "obrigaram" a SCALA a ser uma verdadeira Associação de Artes e Letras e não apenas um "clube de escritores" como alguns pensavam (e queriam que fosse).

(Gente da História da SCALA - XI)

(Fotografia de Luís Eme - Almada)


sábado, abril 06, 2024

Virgolino Coutinho: o amigo dos escritores almadenses

Virgolino Coutinho foi sempre um homem ligado à Cultura e ao Associativismo de Almada. Foi esta sua ligação que o levou a unir-se aos 14 companheiros que decidiram fundar a SCALA, em Março de 1994.

Por saber que era necessário consolidar a nossa Associação no panorama associativo local, especialmente nos seus primeiros anos de vida, foi “à luta” e fez parte dos corpos gerentes da SCALA durante vários mandatos (Presidente do Conselho Fiscal em 1994/95; vice-presidente Administrativo 1996/97 e 2000/01; vogal da Direcção 1998/99). 

Esteve toda a vida ligado às artes gráficas, sendo reconhecido como um excelente técnico e um grande amigo dos escritores almadenses. Sim, amigo. Ajudou a editar dezenas e dezenas de livros de autores do nosso Concelho, além de também impulsionar a edição de boletins de inúmeras colectividades de Almada como foi o caso da SCALA (foi o “mecenas” dos primeiros números de “O Scala”, ao qual manteve sempre uma ligação próxima). 

Virgolino também esteve ligado ao “Rua Nova”, à Sociedade Columbófila os Águias, ao Ginásio Clube do Sul e sobretudo à Incrível Almadense, onde foi seu dirigente durante vários mandatos e fez parte da Comissão das Comemorações do seu 150 º aniversário, prestando também aqui um grande apoio na edição de jornais e também de folhetos comemorativos. 

Era um homem simples e de bom trato, que deixou a sua marca em todos aqueles que lidaram de perto com ele e sentiram o quanto privilegiava a amizade e o companheirismo.

(Gente da História da SCALA - X)

(Fotografia de Luís Eme - Virgolino está ao centro, com João da Cunha Dias e Diamantino Lourenço)


quarta-feira, abril 03, 2024

Victor Aparício: a paixão pelo jornalismo e pelos livros


Natural de Lisboa,  Victor Aparício veio viver para Almada, no começo da adolescência. Uma das suas descobertas mais estimulantes, foram as bibliotecas do movimento associativo almadense, que o iriam ajudar bastante a alimentar a paixão pelo mundo dos livros e dos jornais. 

Se a literatura ainda estava longe, o jornalismo nem por isso, começando a escrever logo que lhe foi possível na imprensa local (com relevo para o "Jornal de Almada" e "O Setubalense", assim como outras publicações locais, como o boletim "O Scala", que chegou a dirigir).

E depois vieram os livros, ainda que de forma tímida. Embora os apoios tenham sido sempre escassos, o Victor conseguiu deixar-nos mais de uma dúzia de obras, entre a poesia, a ficção e a biografia e o ensaio sobre história local. Algumas destas obras continuam a despertar interesse local, como é o caso de "Tonecas, a Tragédia que Enlutou Almada" e de "Os Palmeiros e os Gafos de Cacilhas".

A ligação ao jornalismo, aos livros e ao associativismo, transportaram-no para a "Tertúlia do Repuxo", que acabou por ser o "berço" da SCALA, da qual foi um dos fundadores. Apesar de ser demasiado meticuloso, com as palavras e com os procedimentos de secretaria (era conhecido como o "picuinhas"...), foi decisivo na organização e no arquivo da nossa Associação, nos primeiros anos, quando exerceu a função de Secretário da Direcção.

A vida de  Victor Aparício esteve longe de ser fácil, principalmente na infância e adolescência. Isso fazia com que fosse demasiado reservado, ao ponto de nem sempre ter sido bem compreendido pelos amigos. O mesmo se passou no seio da SCALA.

(Gente da História da SCALA - IX)

(Fotografia de Gena Souza - Almada)