Embora tenha ficado reconhecido como um grande aguarelista, no panorama local e nacional (mesmo que nunca se tenha levado muito a sério...), Arménio era um artista multifacetado. Quase todos admiravam o seu repentismo (quando começava a sentir que tinha mais que fazer que ouvir discursos, pegava numa caneta e começava a deixar a sua marca artística, que tanto podia ficar impressa numa toalha de papel ou num simples prato de sobremesa), que ficava depois para qualquer sortudo, que lhe pedisse a "obra", cuja beleza se tornava visível em poucos minutos.
Dizer que o Arménio tinha "mãos de ouro", pode soar a exagero - até porque nunca enriqueceu com a Arte -, mas quem o conheceu sabe que ele tinha um talento especial, para tornar as coisas que o rodeavam mais bonitas, quando lhes tocava. Esteve radicado alguns anos no Algarve e era sempre convidado para decorar os carros que desfilavam nos corsos carnavalescos de Olhão, graças à sua imaginação e qualidade artística.
O Arménio tinha ainda outro talento, também natural: a bonomia. Para ele a "amizade era mesmo uma fé", dando excelentes lições de "estar bem" no convívio com os amigos, com um humor especial, que não deixava ninguém indiferente.
Infelizmente deixou-nos demasiado cedo, ainda antes da SCALA comemorar o seu segundo aniversário.
Por nunca ter realizado uma exposição em Almada, a nossa Associação organizou um ano depois de ter partido, a "Semana de Arménio Reis", onde além de mostrarmos as suas obras também realizámos um colóquio evocativo do artista e da sua arte, gratos por tudo o que ele nos deu.
(Gente da História da SCALA - IV)
(Fotografia de Álvaro Costa)
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